China e Canadá em foco.
Na ausência de grandes novidades no cenário econômico, os ativos de risco estão mantendo o mesmo tom de fechamento da semana passada, com as bolsas em alta, o dólar misto e sem grandes movimentos nos mercados de juros dos países desenvolvidos. Alguns eventos específicos, contudo, merecem atenção.
No Canadá, um grande incêndio atinge a região de Alberta, o que já traz consequências elevadas ao crescimento do país e, principalmente, a produção local de petróleo. Neste ambiente, o petróleo apresenta alta em torno de 2% esta manhã. O destaque deste ponto, assim, fica para a questão da alta do petróleo estar sendo puxada por um problema de oferta, e não de demanda, o que não aponta na direção de uma melhora do cenário econômico global. Além disso, o incêndio traz desafios ainda maiores para a economia canadense, que ainda passa por um um período de baixo crescimento. Este vetor poderá continuar a impactar os ativos do país de maneira não desprezível.
Na China, a forte pressão nas importações e exportações de abril, divulgadas ontem, não podem ser ignoradas. Os futuros de “rebar” apresentaram limite de baixa hoje no país, mostrando que o cenário para o crescimento chinês (e asiático) ainda é um grande risco ao cenário global. Vou remeter aqui, mais uma vez, ao comentário do analista de FX do Morgan Stanley, que tem sido na mesma linha da minha visão em relação a este tema:
We feel that the limit down trading (6%) of steel rebar and iron ore futures have not made the headlines they deserve as the markets focus on the oil price rise overnight coming on the back of the wildfires in Alberta spreading, with Canada losing 40% of its Alberta production (Bloomberg). It seems minor news is now impacting speculatively driven markets significantly. Remember that commodity markets surged in winter and early spring with easy RMB money piling into commodities. Retail interest in commodities has increased to a multiple of retail interest in local equities. It seems that last year’s equity volatility has reduced China retail account interest in equities, explaining why the equity market did not rally as much as commodities despite generous local liquidity conditions provided by the PBOC. Supported by hopes of China experiencing a cyclical recovery and helped by dovish central banks, rising commodity prices and a softer USD, EM funds attracted net inflows of over US$5bln in April, accounting for more than 70% of total fund flows into mature and emerging markets. Should China’s recovery hopes disappoint from here and markets reassess the Fed's dovishness, these EM inflows can reverse quickly. Fed's Dudley suggested it remained a "reasonable expectation" that the Fed would increase the federal funds rate two times this year.
Ainda na China, as reservas internacionais do país apresentaram alta em abril, em grande parte devido a queda do dólar no mês. É inegável que houve uma estabilização do humor em relação ao país nos últimos 2 meses, mas ainda em cima de pilares frágeis, que podem ser revertidos a qualquer momento.
Na Alemanha, as notícias são mais animadoras, com o Factory Orders de fevereiro apresentando alta de 1,9% MoM, contra expectativas de alta de 0,6% MoM. Infelizmente, o número é antigo e, de certa forma, pode já estar “velho” diante das novidades do cenário.
No Brasil, o noticiário continua sendo em torno da formação de um eventual governo Temer, e as medidas que poderão ser adotadas por sua equipe econômica. Em matéria do Globo de ontem, o peso inicial do choque de expectativas de Temer, por este artigo, ficará por conta da equipe econômica. Por questões políticas, Temer precisará compor um ministério mais amplo. De qualquer maneira, acredito que Temer tenha um poder de articulação política, e um "núcleo" que o cerca, muito mais hábil e competente do que aquele verificado nos anos de governo Dilma. Ter um ministério amplo pode parecer ruim aos olhos daqueles que esperavam uma recomposição total do governo. Contudo, por outro lado, pode garantir uma maioria no congresso que permite a aprovação de medidas importantes para os fundamentos estruturais do país.
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