Risk-On!

O final de semana foi marcado pela surpresa negativa nos dados de atividade econômica da China, com exceção da evidente recuperação do mercado imobiliário do país. Contudo, a produção industrial, os dados de investimentos (FAI) e as vendas do varejo, se somam aos sinais mais negativos que haviam sido apresentados pelos números de importação e de crédito divulgados na semana passada.
Reforço a minha visão que vem sendo descrita neste fórum há algumas semanas: A China me parece uma fonte de preocupação crescente. O crescimento mostra uma frágil estabilização, à custa de uma insustentável expansão de crédito. O esforço nessa frente foi tremendo nos últimos meses, com uma resultante pouco inspiradora (muito crédito para pouco crescimento). Neste ínterim, o governo precisa lidar com bolhas especulativas nos mercados locais de commodities. 
Um mundo com baixo crescimento, ainda alavancado (ou se alavancando) não me parece saudável para alguns (ou vários) mercados, como os emergentes e as commodities.
Nos EUA, o Empire Manufacturing caiu de 9,56 para -9,02 em maio, muito abaixo das expectativas de 6,5. O setor industrial americano mostra claros sinais de fragilidade, mas a melhora do mercado de trabalho e um consumo ainda saudável parecem garantir um piso para o crescimento do país, que ainda é visto crescendo em torno de 1,5%-2,0%.
De maneira geral, o cenário começa a se parecer, cada vez mais, com aquele verificado no início do ano, quando uma desaceleração da China, aliada a perspectiva de alta de juros pelo Fed, acabou levando a um forte movimento de aversão a risco dos mercados. Eu adicionaria que, neste momento, a posição técnica me parece ruim, e os fluxos para Equities e EM começam a mostrar fadiga.
Minha única dúvida é, se neste estágio, os mercados serão capazes de se diferenciar, com ativos ligados a China mais pressionados, porém com um cenário de EUA ainda relativamente estável (crescimento em torno de 2%, inflação baixa e Fed gradual)?
Os ativos de risco acabaram apresentando um bom desempenho ao longo do dia de hoje, mesmo diante das surpresas na China e nos EUA. Está reação dos mercados me diz que o quadro técnico talvez ainda esteja, de uma maneira ou de outra, relativamente leve e com poucas convicções, o que justifica a falta de tendências claras e prolongadas.
No Brasil, o mercado parece em compasso de espera para as medidas econômicas a serem anuncias e implementadas por Meirelles e Cia. O mercado de juros parece estar em um momento de acomodação. Em termos de política monetária, acredito que o correto a ser feito, seria o BCB esperar algum tempo para que o plano fiscal comece a ser colocado em prática, as expectativas continuem caindo e o a inflação corrente idem. Assim, talvez mais para o final do 3Q ou começo do 4Q, possa dar início a um ciclo mais agressivo de queda da taxa Selic. Ainda gosto de posições estruturais em juros intermediários e longos da curva real e nominal, mas temos que ter em mente que o mercado veio, nos juros reais, por exemplo, de 7,5% para 5,85 de maneira interrupta. Uma consolidação pode ser natural neste processo.

No mercado de câmbio, segue uma queda de braço entre o BCB, os fluxos pontuais e o cenário externo. O BRL vem apresentando vol alta, mas se mantido em torno de 3,45-3,55. Não tenho grandes convicções em relação ao câmbio neste momento.

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