Petróleo, Inglaterra & Brasil.

No cenário externo, o Petróleo testou, e falhou, novamente, o rompimento do patamar de US$50, visto por muitos como um teto para o preço da commodity no curto-prazo. Não sou especialista no assunto, mas acho relevante acompanhar a dinâmica deste ativo como referência para os ativos de risco. Vale lembrar que o sell-off dos ativos no início do ano foi concomitante com uma queda para em torno de US$28 no preço do petróleo, assim como a recuperação dos mercados financeiros globais acabou sendo ajudada pela recuperação do petróleo para o atual patamar.

Na Inglaterra, duas pesquisas, uma por telefone, e outra online, mostrara os votos favoráveis pela saída do país da UE a frente dos votos favoráveis a manutenção do país na UE. Com a proximidade da votação, agendada para o dia 23 de junho, é natural que os ativos de risco fiquem mais reativos e sensíveis a este tipo de pesquisa. A forte queda do GBP, e a consequente pressão nas bolsas globais foram sem dúvida uma reação a está pesquisa.

Contudo, um leitor deste fórum me alertou para o quão errada essas pesquisas foram no passado recente das votações na região, dando o exemplo das eleições gerais e o Scottish Referendum, onde as pesquisas mostraram um cenário totalmente diferente o que o resultado final acabou apresentando. Assim, é importante monitorar também as casas de apostas que, por mais bizarro que possa parecer, costumam prever melhor as eleições do este tipo de pesquisa.

De qualquer maneira, ainda vejo o mercado sensível a essas pesquisas no curto-prazo, especialmente pelo estrago que uma saída da Inglaterra da UE pode fazer na economia de toda a região. Como o próprio próximo presidente do BCB afirmou em seu último artigo como economista chefe do Itaú: Another example of non-traditional risk is the referendum on the Brexit. The vote is due June 23. A vote for “Brexit” would likely reduce UK potential growth from 2.5% to 1.0%-1.5%. This would also have a direct and indirect impact on the rest of Europe, affecting the region’s capacity for recovery following its recent severe crisis. Stagnation would be likely; recession a possibility.
Nos EUA, o dia foi de dados econômicos mistos. Observamos uma forte alta do Personal Spending em abril, colocando o segundo trimestre em situação bastante sólida. Contudo, em maio, o Chicago PMI caiu abaixo de 50 pontos novamente, enquanto o Consumer Confidence caiu para 92,6 pontos, ambos abaixo das expectativas. O cenário para a economia norte americana segue fluido, com um crescimento baixo porém estável, com uma alta apenas gradual da inflação e um Fed determinado a dar continuidade ao processo de normalização monetária.

Está noite será divulgado o PMI da China, que poderá trazer uma importante mensagem para o cenário global.

No Brasil, o dia foi de agenda cheia, em meio a um cenário político conturbado. No meio político, alguns jornais citam a possibilidade de alguns Senadores mudarem o seu voto em relação ao impeachment, o que poderia mudar drasticamente o quadro político atual. Ainda vejo este cenário como muito pouco provável. Acredito que o próximo grande evento político, salvo uma novidade da Operação lava-Jato, será a aprovação (ou não) da DRU. A mídia está reportando também que a Odebrecht teria assinado um acordo de delação premiada, o que pode vir a tumultuar ainda mais o quadro político local.

Neste meio tempo, continuamos a ver sinais animadores dos indicadores de confiança. Ainda é cedo para “cantar vitória”, mas a estabilização destes índices ascende uma esperança de que podemos estar muito próximos ao fundo do poço da economia.


No tocante ao mercado de trabalho, contudo, as notícias ainda são pouco animadoras, com aumento do desemprego e forte contração dos rendimentos. Este cenário deve prevalecer ainda por vários meses, o que será um importante vetor no combate à inflação.

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