Brasil: Quadro técnico do mercado prevalece.

A despeito do bom humor externo, os ativos locais tiveram mais um dia de performance ruim, especialmente o mercado de câmbio e juros. Como tenho insistido neste fórum nos últimos dias, acredito que posição técnica seja um dos principais motivos para esta dinâmica ruim dos ativos brasileiros nos últimos dias. Os fundos locais aparentam estar extremamente alocados nesses mercados (vide a performance recente e algumas regressões que rodamos internamente), sem grande espaço ou apetite para adicionar risco em suas carteiras. Por outro lado, o investidor estrangeiro, que poderia ser o alocador adicional de recursos no país, continua cético em relação a uma melhora de perspectiva para a economia do Brasil. O fluxo cambial e os dados do BoP apenas confirmaram está visão nos últimos dois dias.

Diante deste quadro, tenho optado por uma postura mais tática. Nos atuais níveis do mercado de juros, começo a adicionar posição aplicada na barriga da curva, visando um ganho em torno de 30 a 50bps. Vale ressaltar, contudo, que ainda vejo um mercado frágil, o que demanda parcimônia na estratégia e velocidade de alocação. Reforço minha mensagem de ontem:

Minha impressão é que este governo precisará aprovar alguma medida de impacto no Congresso, para provar que tem apoio político, para que a próxima rodada de apreciação dos ativos locais aconteça. A votação da meta fiscal é importante neste aspecto, assim como o número de votos favoráveis ao governo. Todavia, este é apenas um passo inicial nesta direção. Eu, particularmente, acredito que a aprovação é praticamente certa. Adiar a proposta, ou uma derrota do governo, irá apenas gerar um ruído grande e desnecessário. Acredito que as intenções do governo são boas. A equipe é competente. Mas precisam mostrar que estão bem amparados no Congresso para aprovar as medidas necessárias ao país. Estou com baixa exposição a risco, na espera de um cenário mais claro, ou de níveis de preço mais atrativos. Continuo com baixas convicções em relação ao BRL e ao Ibovespa, preferindo focar os esforços no mercado de juros.

Os dados de crédito de abril no país mostraram a mesma tendência que já vem sendo regra nos últimos meses, leia-se, aumento da inadimplência, elevação de taxas e spreads e concessões mais moderadas. O CAGED de abril ficou dentro das expectativas do mercado, com a detração de 63 mil postos de trabalho no mês.

No cenário externo, o dia manteve a tendência das últimas 48 horas, com as bolsas e as commodities em alta, em um claro movimento de “short squeeze”. O US Markit PMI saiu de 52,8 para 51,2 pontos em maio, abaixo das expectativas de 53,0 pontos. A despeito deste arrefecimento, a melhora do déficit na balança comercial de abril elevou as perspectivas de crescimento do PIB no 2Q.


De qualquer maneira, ainda vejo com preocupação os sinais de baixo crescimento global.

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