Update
O dia foi dominado pelo cenário político local, com a divulgação
da transcrição de uma conversa de Romero Jucá com Sergio Machado, ex Presidente
da Transpetro. A conversa colocou o atual Presidente do PMDB, e Ministro do
Planejamento, no olho da Operação Lava-Jato. Vale lembrar que Jucá é um grande
articulador político junto ao Congresso, é braço direito de Michel Temer e
figura essencial na estrutura montada pelo governo interino na administração
Temer.
Como comentei pela manhã, este tipo de evento pode vir a tirar
apoio do atual governo, dificultando a aprovação de medidas essenciais para o
país. Por hora, Temer está mantendo Jucá no cargo, mas a mídia está dando como
certa sua saída. Estão ventilando a possibilidade de um rearranjo do Governo,
com Eliseu Padilha assumindo o Planejamento. Na minha opinião, será uma jogada
arriscada trocar Jucá por um outro nome já citado na Operação Lava-Jato.
Os próximos dias serão fundamentais. A maneira com que Temer irá
lidar com está crise poderá ser essencial para o sucesso (ou não) de seu
governo. Frente à enorme oposição já existente ao atual governo interino, Temer
tem uma “bomba relógio” para desarmar, e rápido.
Não acho que este evento, por si só, irá levar o país de volta
ao passado. Contudo, é um grande alerta para os investidores de que a situação
política ainda é extremamente tumultuada, e o caminho para o ajuste econômico
será longo e tortuoso. Se os estrangeiros estavam reticentes em alocar recursos
no país, este é apenas mais um vetor contrário a este fluxo positivo.
Os ativos locais parecem estar em um grande range (BRL entre
3,45-3,6, Jan19 entre 12,25%-12,70%). Por hora, estou com postura mais
cautelosa, especialmente diante de minha visão mais pessimista com o cenário
externo, que tenho descrito neste fórum diariamente. Continuo vendo o mercado
local de juros como a melhor aposta positiva para o Brasil.
O dia foi de poucas novidades no cenário externo, exceto pela
divulgação dos Flash PMIs ao redor do mundo. Os números de Japão, Europa e EUA
ficaram abaixo das expectativas do mercado, mostrando um quadro de crescimento
global ainda baixo, sem sinais de aceleração ou, até mesmo, estabilização. Os
dados de importação e exportação do Japão, assim como tínhamos visto em outros
países da Ásia, sinalizam para um quadro preocupante. Além disso, as eleições
americanas se aproximam, e Donald Trump parece estar ganhando apoio
dia-após-dia. Enfim, vejo vários riscos no cenário, que não me parecem bem
precificados pelos ativos de risco.
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