Riscos externos e ruídos internos.

No cenário externo, o dia foi de poucas novidades no cenário, mas com uma dinâmica extremamente relevante. Mesmo diante do incêndio que afetou parte da produção de petróleo no Canadá, a commodity acabou apresentando forte queda ao longo do dia, levando consigo das demais commodities e afetando negativamente o preço dos ativos emergentes.
Me parece evidente que o mercado está se ajustando para a realização de que o cenário de estabilização do crescimento chinês ainda é frágil, em meio a um mundo que cresce pouco, e com bancos centrais, de certa forma, com instrumentos cada vez menos potentes para lidar com está transição para um menor crescimento (estrutural) do mundo.
Como escrevi ontem, eu vinha com uma visão mais cautelosa do cenário externo, vendo um acúmulo de riscos, em um ambiente de prêmios comprimidos, e posição técnica ruim. Minha visão passou de cautelosa para negativa. Se, por um lado, não há motivos específicos para um risk-off mais acentuado, vejo com imensa preocupação a baixa capacidade do mundo em crescer. Os níveis de preço de várias classes de ativos não se justificam diante deste cenário. A queda no preço das commodities e a pressão sobre os ativos emergentes parece fazer parte de um ajuste a esta realidade.

No Brasil, a divulgação de que o presidente interino da Câmara reverteu a decisão do impeachment pegou o mercado de surpresa, e altamente aplicado em juros e comprado em BRL. Aparentemente, a decisão não tem embasamento legal, e deverá ser facilmente revertida (seja na própria Câmara, seja no Senado, ou via STF). Contudo, a notícias criou uma volatilidade alta, e gerou forte pressão nos ativos locais no final da manhã.


Eu ainda vejo o processo de impeachment como irreversível. Continuo otimista com a implementação de um eventual governo Temer, especialmente no âmbito econômico. Acredito que posições aplicadas em juros nominais e reais, na barriga da curva, sejam a melhor maneira de capturar este cenário. A volatilidade de hoje me pareceu uma oportunidade de elevar alocação a risco nesta direção. Acredito que haja espaço para apreciações pontuais do BRL, mas o cenário externo e a postura do BCB no tocante aos swaps cambiais me deixam desconfortável de carregar posição nesta direção.

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