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A sexta-feira foi de forte desempenho positivo dos ativos locais. Mais uma vez, com o mercado reavaliando suas probabilidades em torno do impeachment. Como tenho afirmado incessantemente ao longo de toda a semana:  No Brasil, o mercado continua focado na queda de braço do impeachment, com um olho no cenário externo. Ao que tudo indica, o mercado vem reavaliando a probabilidade de mudança política no país nos últimos dias. Eu mantenho minha visão de que o evento será decidido apenas nos dias finais, senão no dia da votação. Assim, teremos um mercado com volatilidade e sem tendências definidas.

O destaque do dia ficou por conta da recomendação da PGR que comentamos neste fórum pela manhã que, no limite, reduz o poder de barganha de Dilma, já que uma eventual nomeação de Lula para algum ministério foi reduzida com o comunicado de Rodrigo Janot. Além disso, há sinais em seus argumentos de que uma investigação criminal poderá vir ser aberta contra Dilma por obstrução de justiça e/ou desvio de conduta.

O outro destaque ficou por conta da divulgação do IPCA de março. O número ficou levemente abaixo das expectativas, o segundo mês consecutivo de um número mais baixo do que o esperado pelo mercado. O mais importante, contudo, ficou por conta do arrefecimento da inflação de serviços e a melhora no qualitativo da inflação com os núcleos e o indicador de difusão mais baixos. Segundo nossa área econômica:

Inflação de serviços rodando ligeiramente abaixo de 6% na média móvel trimestral (após ajuste sazonal); A inflação de bens é ainda uma preocupação, mas se câmbio se acomodar nos atuais patamares podemos ter uma grande ajuda para o IPCA até o final do ano; Em suma, o qualitativo da inflação coloca downside risks para o cenário de inflação nos próximos meses.

Eu ainda vejo o impeachment como cenário base, mas entendo que o evento seja totalmente binário para os dias (e talvez semanas) subsequentes ao evento. Acredito que existem bons argumentos para a curva mais curta de juros manter-se bem ancorada em qualquer um dos cenários políticos, mas acredito que poderemos ter uma abertura de taxas não desprezível em um eventual cenário de manutenção do status-quo, pelo menos em um primeiro momento.

Acredito que o BRL em torno de 3,5-3,6 não esteja refletindo corretamente os fundamentos do país, ele deveria estar mais depreciado. Contudo, o cenário externo a probabilidade do impeachment devem mantê-lo com volatilidade elevada, porém em um range até que os cenários local e externo se tornem mais claros.


O Ibovespa seguirá a decisão política no país. Existe um upside não desprezível caso haja uma alteração política positiva, mas os riscos caso o status-quo seja mantido são da mesma forma relevantes.

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