Risk-Off!
Em um dia de poucos indicadores relevantes para o cenário econômico
de curto-prazo, os ativos de risco foram dominados por alguns movimentos que
aparentam ser técnicos, mas que podem vir a mostrar alguma fadiga do que vimos
ao longo de fevereiro e março. Ainda me parece cedo para fazer qualquer
afirmação convicta em relação a tendências mais prolongadas, especialmente na ausência
de mudanças de cenário significativas nas últimas semanas. De qualquer maneira,
a posição técnica do mercado, este ano, tem se mostrado mais importante do que
a média histórica na determinação dos movimentos de curto-prazo dos ativos de
risco.
Evidencias anedóticas (e estatísticas) mostram que o mercado já
possa ter “cobrido” suas posições vendidas em ativos de risco nas últimas
semanas, assim como revertido, ou zerado, suas posições compradas em dólar.
Neste ambiente, teríamos um quadro técnico menos positivo para a continuidade
dos movimentos verificados desde meados de fevereiro.
No Brasil, além da ajuda da dinâmica externa, o mercado, nos
atuais níveis, se mostra desconfortável com um possível sucesso do governo,
liderado por Lula, na articulação política em busca de apoio contra o
impeachment. Não há nenhuma novidade concreta neste processo, mas a mídia tem
mostrado sinais de que Lula vem ganhando apoio de partidos menores e conseguido
angariar votos de parceiros importantes, como o PP. O processo de impeachment
será tortuoso e este tipo de noticiário parece fazer parte natural do cenário
político. A decisão final deverá ser feita apenas “nos 48 minutos do segundo
tempo”.
Eu ainda vejo o impeachment como o mais provável, mas entendo
que teremos volatilidade e incerteza até que este processo seja concluído. Além
disso, os fundamentos econômicos estão piorando a passos largos, com o governo
buscando fazer tudo a seu alcance para alcançar apoio no congresso e perante a
população. Assim, o evento torna-se a cada dia mais binário.
Ainda sou comprador de “risco Brasil”, via posições aplicadas na
parte intermediária da curva de juros, em movimentos como os de hoje. Contudo,
entendo que posição técnica não seja boa e está estratégia precisa ser feita de
maneira parcimoniosa. Mantenho estruturas de opção altistas no dólar (deep-out-of-the-money, com perdas
limitadas) como forma de proteção caso o impeachment não ocorra.
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