JPY, China & Brasil.

Os ativos de risco estão encerrando a semana em um tom de acomodação. O destaque do dia ficou por conta do JPY.
Durante a noite, tivemos rumores de que o BoJ poderia adotar medidas adicionais de expansão monetária, mais especificamente oferecer empréstimos a taxas negativas. Segundo a Bloomberg:

Having adopted a negative interest rate on some excess reserves to penalize financial institutions for leaving money idle, the Bank of Japan may consider helping them lend by offering a negative rate on some loans, according to people familiar with talks at the BOJ. Such a discussion could happen in conjunction with any decision to make a deeper cut to the current negative rate on reserves, said the people, who asked not to be named as the matter is private. The BOJ’s Stimulating Bank Lending Facility, which now offers loans at zero percent interest, would be the most likely vehicle for this option, they said.

Esta indicação de possível atuação por parte do BoJ pega os investidores tecnicamente comprados em JPY (ou vendidos em USDJPY), o que está ajudando o forte movimento da moeda japonesa nesta sexta-feira. Além disso, e talvez mais importante, sinaliza que ainda existem instrumentos não convencionais de política monetária, e disposição para adota-los, caso seja necessário, por parte dos principais bancos centrais ao redor do mundo. Este tipo de medida tende a trazer ao debate, novamente, o diferencial de política monetária entre os EUA e o resto do mundo, o que acaba dando suporte ao USD.

Não podemos deixar de destacar os eventos recentes na China. Primeiro, o mercado de crédito voltou ao radar dos investidores, com uma forte abertura de taxas de juros como principal consequência das expectativas de que novos defaults ocorram no setor corporativo. Uma sequência de eventos nessa direção viria a apertar as condições financeiras do país, tornando insustentável a frágil estabilização recente da economia.

Em segundo lugar, o governo parece estar combatendo uma corrida dos investidores aos mercados locais (futuros) de commodities, em um movimento semelhante ao ocorrido no mercado de renda variável do país no início do ano. Há evidencias de que parte do movimento das commodities possa ter sido ajudada por este tipo de fluxo, que não costuma ser saudável.

De maneira geral, o cenário de curto-prazo continua fluido, mas é inegável que existem diversos riscos que precisam ser monitorados, já que podem causar volatilidade elevada nos ativos de risco, basta lembrarmos do que vivenciamos no início deste ano.

O Brasil parece estar em meio a uma lacuna de poder. O impeachment parece inevitável. Agora, a nova etapa deste processo deveria ser a formação do núcleo de governo e as condições deste em implementar as reformas necessárias no país. Em meio a este processo, contudo, teremos que lidar com o avanço da Operação Lava-Jato e novos delatores da operação.


Estou com baixa exposição a risco em geral. Vejo os níveis de preço como pouco atrativos diante dos risco ainda existentes na economia local e externa, meu viés é mais negativo no tocante ao cenário externo para o curtíssimo-prazo, mas tenho a intensão de voltar ao mercado local de juros em breve, caso o atual cenário seja reforçado (arrefecimento da inflação, crescimento pífio e mudança de governo).

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