Risk On!

No Brasil, a bolsa e o mercado de juros refletiram o aumento da probabilidade do impeachment, com alguns partidos menores, do chamado “centrão” do Congresso, sinalizando que devem apoiar o impeachment. O destaque ficou por conta do movimento de flattening da curva de juros. Na minha visão, este movimento faz total sentido, se pensarmos que um novo governo, capitaneado por um BCB mais ortodoxo, pode optar por manter os juros estáveis por mais tempo (antes de iniciar um ciclo de queda de juros) com o objetivo de ancorar as expectativas de inflação. Em um segundo momento, o ciclo de queda de juros poderia ser mais rápido e acentuado.

No câmbio, até o momento, o BCB já comprou US$6bi de dólar via swaps cambiais no dia. Como temos ressaltado desde que o BCB iniciou esta estratégia, em postura parecida (porém inversa) de quando vendida dólares ao mercado, ele será capaz de suavizar os movimentos no câmbio mas, sozinho, dificilmente inverterá uma tendência ou fluxos acentuados, concentrados em um curto espaço de tempo.

O cenário externo também está ajudado os ativos locais, em mais um dia de alta nas commodities, liderada pelo petróleo. Há indícios que a reunião de Doha possa vir a confirmar um acordo em torno das cotas de produção da OPEP. O dia foi de alta nas bolsas e nas commodities, dólar fraco e abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos.

Os próximos dias serão importantes para o cenário externo, com a agenda de resultados corporativos nos EUA ganhando força e os dados de atividade econômica na China que podem vir a confirmar (ou refutar) a tese de estabilização cíclica da economia.

Voltando ao Brasil, as vendas no varejo de fevereiro ficaram muito acima das expectativas. Por hora, a recuperação parece apenas pontual. Segundo nossa área econômica:


Melhora pontual nas vendas de varejo em fevereiro. A média móvel trimestral segue em queda -1,0% (no varejo restrito) e -0,2% (no varejo ampliado); Fundamentos continuam sugerindo forte contração nas vendas no varejo (massa salarial real, concessões de crédito e confiança do consumidor). A taxa de desemprego deve continuar subindo nos próximos meses, afetando a massa salarial real; A nossa proxy mensal de consumo indica queda de -5,5% ano/ano em fevereiro; O deflator da PMC desacelerou em fevereiro. A continuidade da desaceleração da inflação deve atenuar apenas parcialmente os outros vetores de continuidade de contração na PMC.

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