"Soft Patch" global e eleição no Brasil

A terça-feira está sendo marcada por um leve movimento de “risk-off” nos mercados financeiros globais. Após mais um fraco desempenho da produção industrial da Alemanha em agosto, as bolsas globais e as commodities operam em queda, com o aumento do receio de uma desaceleração mais acentuada e permanente da economia mundial. Assim, as taxas de juros no mundo desenvolvido operam com fechamento de taxas e o USD voltou a mostrar força.

A agenda da semana será relativamente esvaziada, com destaque para o JOLTS Jobs Openings hoje nos EUA e para as Minutas do FOMC na quarta-feira. Vejo os ativos de risco passando por um período de consolidação. O menor crescimento do mundo desenvolvido no curto-prazo, na minha visão apenas um “soft-patch” temporário, pode acabar trazendo um maior prêmio de risco aos mercados, na forma de preços mais atrativos e volatilidades mais elevadas. Acredito que este movimento seja natural e saudável no atual estágio do ciclo econômico e, especialmente, com os baixos prêmios de risco verificados em algumas classes de ativos até poucas semanas atrás. Acredito que a tendência de normalização gradual da política monetária americana, e o menor crescimento estrutural da China, serão dois temas que continuarão a ditar a dinâmica da economia mundial e dos mercados financeiros globais ao longo dos próximos meses.

Brasil – Os jornais de hoje estão reportando que Marina Silva irá apoias Aécio Neves no segundo turno das eleições. Marina e seu partido já teriam colocado algumas demandas para que este apoio seja anunciado, e o PSDB já teria sinalizado disposição em atende-los. A viúva de Eduardo Campos também estaria inclinada a seguir este mesmo caminho. No meu ponto de vista, está notícia, aliada ao bom momento de Aécio no primeiro turno, deveria manter os mercados locais bem sustentados no curto-prazo. As primeiras pesquisas serão divulgadas na quinta-feira, onde teremos melhor noção da real força de Aécio no segundo turno. Continuo vendo a bolsa local e a parte longa da curva de juros como a melhor forma de se posicionar para este cenário. O USDBRL deveria se manter pressionado, mas vem seguindo um componente externo que pode acabar impedindo um movimento mais forte.

Europa – A produção industrial de agosto apresentou forte queda de 4% MoM, muito abaixo das expectativas de queda de 1,5% MoM. O número mostra que, até mesmo a Alemanha, um dos únicos pilares de sustentação do crescimento da Europa nos últimos anos, está com sua economia fragilizada. Este ambiente deveria reduzir a oposição do país a novas medidas de expansão monetária, deixando o BCE em estado de alerta para anunciar medidas adicionais caso o cenário prospectivo não mostre avanços concretos nos próximos meses. Este ambiente deveria manter o EUR sobre pressão e os bonds da região bem suportados.


EUA - O Fed divulgou ontem, pela primeira vez, o indicador de emprego que usa como parâmetro para suas decisões de política monetária. Após os dados robustos de emprego divulgados na sexta-feira, o mercado esperava um indicador mais robusto do que aquele mostrado pelo indicador. O índice mostra, assim, que outros indicadores, que não apenas o Payroll e a Taxa de Desemprego, estão apontando para um mercado de trabalho um pouco menos aquecido. Com a divulgação deste indicador, fica mais fácil entender a retórica ainda dovish do núcleo duro do Fed.Este número deveria manter o mercado de juros americano sem movimentações agressivas de alta de taxa , dando algum alívio, mesmo que pontual, à tendência de alta do USD no mundo.

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