"Risk-Off" Global, Eleição Brasil e Fed
Os ativos de risco estão dando
continuidade ao movimento de “risk-off”
generalizado que teve início ao longo da quinta-feira. Estamos observando um
movimento clássico e coordenado de queda nas bolsas e nas commodities, fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido e
USD forte, especialmente contras as moedas high
yields e EM.
No meu ponto de vista, os mercados
globais estão refletindo o receio dos investidores em torno do crescimento
mundial. As constantes surpresas negativas de crescimento, especialmente na
Europa, Japão, China e EM, e a aparente recusa dos bancos centrais em adotar postura
ainda mais proativa e agressiva, está sendo o principal motivador deste movimento
de curto-prazo.
Continuo vendo os mercados globais passando por
um período de consolidação, digerindo um cenário em que o fim do QE nos EUA
está cada vez mais próximo, e o crescimento estrutural da China se mostra muito
menor do que aquele verificado no passado recente. Neste ambiente, é natural os
investidores pedirem mais prêmio de risco nos ativos, com algumas classes de
investimento precisando passar por um ajuste de preço e volatilidade no
curto-prazo.
Ainda vejo este movimento como natural e
saudável, até que um novo equilíbrio seja encontrado. Acredito que este menor
crescimento no curto-prazo seja apenas um “soft-patch”
da economia mundial, e os bancos centrais, especialmente nas economias maduras,
estão preparados e dispostos a colocar em prática novas medidas de estímulo ao
crescimento se ficar confirmando que o crescimento mais baixo possa se tornar
estrutural e não cíclico.
Brasil – As pesquisas Ibope e Datafolha
divulgadas ontem mostraram Dilma e Aécio em empate técnico, como leve vantagem
para a oposição. A corrida presidencial no segundo turno será extremamente
disputada, e este cenário de empate técnico pode perdurar até o dia da votação.
Vale a pena ressaltar, contudo, que a mídia e a sociedade civil parecem
engajadas em uma campanha contra o governo, com novas notícias de escândalos sendo
ventiladas quase todos os dias. Este ambiente pode ser, na margem, favorável a
Aécio, que vem com um momento bastante positivo do primeiro turno. O IPCA
divulgado na quarta-feira ficou muito acima das expectativas do mercado,
levando a alta em 12 meses para 6,75%, muito acima do teto da meta (6,5%). Os
núcleos apresentaram alta e o índice de difusão permaneceu em patamar elevado.
A situação econômica do país segue extremamente desafiadora e, independente de
quem seja o próximo presidente, o BCB será forçado a fazer ajustes em sua
política monetária.
EUA – As Minutas do FOMC, divulgadas esta
semana, mostraram um Fed muito mais preocupado com a dinâmica do USD e com o
baixo crescimento mundial do que os “dots”
divulgados logo a após a decisão. O Comitê parece ainda bastante preocupado em
como conduzir este processo de normalização monetária, cujos os impactos sobre
os mercados financeiros globais são imprevistos e, por vezes, rápidos e
acentuados, como pudemos ver como o movimento do USD nos últimos meses. O Fed
deu provas, mais uma vez, que a condução do processo de normalização monetária
será extremamente gradual, bem comunicado e sem pressa, o que deveria retirar,
pelo menos no curto-prazo, um dos riscos do mercado.
Europa – A produção industrial de agosto ficou estável na França, acima
das expectativas de queda de 0,3% MoM. Na Itália, apresentou alta de 0,3% MoM,
levemente abaixo das expectativas de 0,5% MoM.
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