Consolidação
A terça-feira foi marcada por mais uma rodada de melhora generalizada do humor dos mercados financeiros globais. Um misto de dados econômicos mais positivos, especialmente nos EUA, mas também na China, resultados corporativos acima das expectativas e a esperança de que os bancos centrais das principais economias do mundo estão preparados para agir a qualquer sinal de desaceleração do crescimento e/ou da inflação foram fatores determinantes para a recuperação dos ativos de risco nos últimos dias. Hoje pela manhã, estamos vendo uma consolidação dos mercados, sem movimentos relevantes, mas com leve viés de realização de lucros nas bolsas globais, leve movimento de USD forte e fechamento de taxa dos bonds soberanos dos países desenvolvidos.
Na agenda do dia, destaque para o Core CPI nos EUA, além de um calendário de resultados corporativos ainda agitado.
Brasil – A pesquisa Datafolha divulgada esta madrugada manteve as intenções de voto da última pesquisa deste mesmo instituto, ou seja, Dilma com 47% dos votos totais e Aécio com 43% deles, sendo 52% a 48% dos votos válidos. O empate técnico permanece, mas com Dilma tomando a dianteira numérica. No meu ponto de vista, os ativos locais já precificam cerca de 70% de probabilidade de uma vitória de Dilma. Vejo um quadro técnico relativamente saudável no mercado, sem grandes alocações no mercado de renda variável, alguma alocação no mercado de renda de fixa e muitos investidores ainda comprados em USDBRL. A despeito da manutenção de um empate técnico, a tendência de melhora de Dilma não deve ser um alento aos ativos locais. Por hora, não vejo motivos razoáveis para uma recuperação dos mercados locais, a despeito de já ver um valuation atrativo e posições técnicas favoráveis.
Europa - Ontem pela manhã tivemos mais indicações de que os Bancos Centrais das principais economias do mundo se mostram preparados e dispostos a agir frente a um cenário de menor crescimento global e “stress” dos ativos de risco. Rumores dão conta de que o BCE estaria disposto a começar um programa de compra de Corporate Bonds, além do programa de ABS e Covered Bond já anunciado, dando mais um pilar de suporte aos ativos de risco. Se confirmada está informação, seria positivo para ativos de riscos (bolsas,corporate bonds, credit), manteria os bonds soberanos bem sustentados, especialmente na Europa, e deveria dar novo ímpeto a tendência de queda do EUR. A informação não foi confirmada, mas me parece claro que o BCE já trabalha internamente na estruturação de potenciais novas medidas de estímulo ao crescimento caso o cenário prospectivo não mostre uma recuperação adequada.
EUA – O Existing Home Sales divulgado ontem ficou acima das expectativas do mercado, mostrando uma economia saudável e a manutenção de um crescimento razoável do país. Acredito que estamos passando por um “soft patch” da economia mundial, liderada pela desaceleração da Europa, mas também sinalizada pelo fraco crescimento no Japão, China e países emergentes. A economia americana me parece saudável, e os sinais de acomodação do crescimento devem se mostrar um movimento natural do ciclo econômico. Não vejo motivos para alterar substancialmente as expectativas de um crescimento ainda robusto, entre 2,5%-3,0% para a economia do país nos próximos meses. O Fed, assim, deve dar continuidade ao seu processo de normalização monetária, encerrando o QE este mês, mas mantendo um tom de extremo gradualismo na condução da política monetária. Altas de juros ainda me parecem longe do horizonte do FOMC, cenário que acabou sendo precificado de maneira mais incisiva pela curva de juros americana ao longo das últimas duas semanas.
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