Eleição

Os ativos de risco estão operando em tom positivo neste começo de semana. A segunda-feira ainda foi de feriado em grande parte da Ásia, mas estamos vendo um cenário de alta nas bolsas globais, USD fraco, revertendo parte do movimento verificado na sexta-feira, alta nos preços das commodities, e mais uma rodada de fechamento de taxas de juros ao redor do mundo.

A agenda da semana será relativamente esvaziada, com destaque para as Minutas do FOMC na quarta-feira nos EUA e para as primeiras pesquisas de segundo turno para as eleições presidenciais no Brasil.

Brasil – O primeiro turno das eleições trouxe um resultado positivo e surpreendente para a oposição, com Dilma atingindo cerca de 42% dos votos, Aécio em torno de 33% e Marina próximo a 21%. O resultado foi surpreendentemente positivo para Aécio, enquanto o desempenho de Dilma foi muito abaixo do histórico do PT nas últimas 3 eleições. A campanha de segundo turno praticamente já começou, com Marina sinalizando um possível acordo com Aécio, enquanto o PT busca o apoio do PSB. Acredito que será um segundo turno extremamente competitivo mas, neste momento, Aécio parece levar alguma pequena vantagem sobre o governo incumbente. Acredito que os ativos locais irão reagir com forte movimento positivo ao longo do dia de hoje. Em um cenário de possível eleição de Áécio, acredito que o maior “upside” esteja na bolsa local, com os juros longos sendo o segundo melhor ativo para se posicionar, e o câmbio, devido ao cenário externo, apresentando um pouco menos de “appeal”. Devemos ver um movimento de forte “flattening”  da curva local de juros.

Europa – O Factory Orders na Alemanha apresentou forte queda em agosto (-5,7% MoM), muito abaixo das expectativas de queda de 2,5% MoM e revertendo toda a alta de 4,9% MoM apresentada no mês anterior. A região continua apresentando sinais preocupantes de crescimento, o que deveria manter o BCE sobre pressão para adotar medidas adicionais de estímulo, caso as medidas anunciadas até agora não apresentem o efeito necessário nos próximos meses. A reunião da semana passada foi vista como decepcionante, já que Draghi não emitiu sinais mais específicos em relação ao tamanho do programa de compras de ativos. No meu ponto de vista, o BCE está no caminho certo, e não se furtará em tomar as medidas necessárias para evitar mais uma espiral negativa de crescimento e inflação, mas precisará de alguns meses para colocar em prática o programa anunciado e medir de maneira mais específica seus efeitos.

EUA - Os dados de emprego norte americanos de setembro, divulgados na sexta-feira, podem ser classificados como robustos. Foram criadas 248 mil vagas de trabalho no mês e observamos uma revisão altista de 70 mil postos de trabalho nos dois meses anteriores, o que acabou deixando a média móvel de 3 meses em torno de 215 mil, muito próxima a média mensal de criação de vagas para todo o ano de 2014. Assim, os dois últimos meses, cuja primeira impressão tinha sido negativa, ficaram para trás. A Taxa de Desemprego cai de 6.1% para 5.9%. Ainda não se vê uma Acredito que, sem uma abertura rápida e acentuada dos juros americanos, mas com um movimento gradual de ajuste, podemos ter de volta as tendências que estavam prevalecendo nas últimas semanas, e que sofreram leve consolidação ao longo da última semana, ou seja, fortalecimento do USD no mundo e gradual abertura de taxa de juros nos EUA. O cenário não será necessariamente negativo para ativos de risco, como as bolsas globais, contanto que os movimentos nas taxas de juros americanas continuem graduais. Contudo, não podemos descartar períodos pontuais de realização, especialmente naquelas classes de ativos que se beneficiaram excessivamente do excesso de liquidez global nos últimos anos, como é o caso das moedas e renda fixa dos mercados emergentes, entre outros.O Fed enfrentará decisões extremamente desafiadoras nos próximos meses. O QE deve ser finalizado na reunião do FOMC ainda este mês. O Comitê deverá, então, promover alguma alteração em seu comunicado.

Hong Kong – As manifestações no país continuam, sem nenhum sinal de arrefecimento. Contudo, a população adotou tom mais conciliador ao longo do final de semana, mostrando que o canal de diálogo continua aberto para um possível acordo. Os manifestantes buscam maior liberdade política nas eleições para presidente do país.


Ebola – Por hora, a situação parece contida nos EUA. Não podemos descartar novos casos surgindo nos EUA ou arredor do mundo, o que poderia afetar pontualmente o humor global a risco. Contudo, os países desenvolvidos parecem preparados e capazes de conter uma possível expansão do vírus em território nacional.

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