Juros Brasil
O momento me parece oportuno para
avaliarmos a precificação da curva de juros local. Nos últimos dias, o mercado
vem promovendo uma reprecificação da curva, com um movimento de steepening,
puxado em grande parte pelo aumento da probabilidade de vitória de Dilma nas
eleições de domingo. O que me chama a atenção, contudo, e o fechamento de taxa
da parte curta da curva, em um claro viés do mercado em acreditar que um BCB de
“Dilma 2” não irá elevar a Selic na proporção que já estava sendo precificado
na curva.
Mesmo com o movimento verificado nos
últimos dias, a curva permanece bastante flat, com a parte longa ainda
investida em relação aos vértices curtos. O mercado ainda coloca uma alta de
juros superior a 150bps nos próximos meses, com o juros encerrando 2015 muito
próximo a 12,50%.
Cenário 1 [Dilma reeleita]: Acredito que o
movimento do dólar será o ponto chave da equação. O BCB será forçado a promover
uma alta de juros para conter as expectativas de inflação e a depreciação
cambial, mas diria que 2 altas de 50bps nas primeiras reuniões de 2015 já seria
um cenário suficiente. Caso o movimento de depreciação cambial seja grande e
não consiga ser contido pelos swaps, o BCB pode ser obrigado a estender
um pouco o ciclo, ou até elevar os juros já em outubro. De qualquer maneira, a
parte curta da curva já parece precificar este cenário. Esperaria um forte
movimento de steepening, com a parte longo perdendo ancoragem, até que
um novo preço de equilíbrio seja encontrado e as taxas mais elevadas comecem a
atrais a demanda dos estrangeiros.
Cenário 2 [Aécio eleito]: Acredito que
o ganho de credibilidade, por si só, já irá ajudar na contenção das
expectativas de inflação. Aliado a um pacote fiscal coerente, e uma apreciação
do câmbio, talvez não sejam necessários altas de juros. Esperaria uma nova
rodada de flattening da curva.
Conclusão: A curva curta
de juros parece oferecer prêmios suficientes para qualquer um dos cenário.
Confesso que no caso de reeleição de Dilma, o mercado pode acabar extrapolando
o movimento de depreciação cambial, afetando toda a curva de juros, e deixando
o mercado vulnerável no curto-prazo. De qualquer maneira, fica a mensagem de
que a curva já oferece prêmios relevantes nos vértices curtos.
Comentários
Postar um comentário