Estabilização do crescimento global
Após uma quarta-feira de realização de lucros para as bolsas norte americanas,
movimento natural e, até mesmo saudável, após a forte recuperação apresentada
nos dias anteriores, estamos vendo uma nova rodada de otimismo nos ativos de
risco está manhã, a despeito de um desempenho ruim das bolsas na China. As
prévias dos PMIs na China e Europa, ambas acima das expectativas, estão sendo
os pilares de sustentação dos ativos de risco está manhã.
As prévias dos PMIs divulgados hoje pela manhã aumentam a probabilidade
de que o nosso cenário base esteja correto. Como tenho frisado neste fórum nos
últimos dias, “Acredito
que estamos passando por um “soft
patch” da economia mundial, liderada pela desaceleração da Europa, mas
também sinalizada pelo fraco crescimento no Japão, China e países emergentes. A
economia americana me parece saudável, e os sinais de acomodação do crescimento
devem se mostrar um movimento natural do ciclo econômico. No meu ponto de
vista, como alertamos neste fórum por diversas vezes, os mercados globais se
mostravam com baixo prêmio de risco a cerca de 4 a 6 semanas atrás, com preços
excessivos, volatilidade irracionalmente baixas e uma posição técnica ruim. O
movimento das últimas duas semanas se mostrou mais rápido e acentuado do que
muitos esperavam, mas não deixa de ser uma reação clássica as maiores
incertezas do atual cenário. Após os acontecimentos das últimas semanas, vejo
os ativos de risco hoje em patamares mais saudáveis, com uma posição técnica
mais “limpa” e prêmios de volatilidade mais racionais. Os bancos centrais das
principais economias do mundo mostraram, uma vez mais, que estão dispostos a
impedir movimentos mais bruscos dos ativos de risco. Eles se mostraram
preparados a agir a qualquer sinal de alteração no cenário base. Espero uma estabilização dos ativos de risco nos próximos dias. Contudo,
tendo a acreditar que o período de volatilidades excessivamente baixas ficou
para trás. Devemos nos acostumar com um ambiente de maior volatilidade e
prêmios de risco mais elevados. Ainda vejo o crescimento da Europa e da China
como focos de preocupação para o longo-prazo, assim como o processo de
normalização monetária nos EUA, com o QE ainda previsto para ser encerrado este
mês.”
Caso o crescimento global continue a dar os sinais
de estabilização que estamos observando nos últimos dias, espero uma
recuperação gradual das bolsas mundiais. O mercado de juros nos países
desenvolvidos deve permanece ancorado, mas não podemos descartar um movimento
de leve alta de taxas de juros, pelo simples fato dos níveis terem atingido
patamares excessivamente baixos no “sell-off”
dos mercados nas últimas semanas. O USD deveria voltar a sua trajetória de
fortalecimento, porém mais concentrado nas moedas cujos países ainda devem
apresentar uma dissonância de política monetária em relação aos EUA, como EUR,
JPY, CHF, entre outros. Caso os juros no mundo desenvolvido permanecem
ancorados, podemos ter uma nova busca por yields,
favorecendo os ativos emergentes, especialmente de renda fixa e câmbio.
Brasil
– As atenções estarão voltadas para
as pesquisas Ibope e Datafolha de hoje. O cenário de empate técnico, com Dilma
numericamente a frente, não tem ajudado o humor dos ativos locais. Interessante
observar o forte movimento de steepening
da curva local de juros, mas com relevante fechamento de taxa da parte curta da
curva. O mercado, assim, parece precificar que um eventual BCB de um segundo
mandato de Dilma não irá elevar a taxa Selic na magnitude apresentada pela
curva curta de juros, ou seja, quase 200bps em menos de um ano.
China
– O HSBC Flash PMI subiu de 50.2 para
50.4 pontos, acima das expectativas de estabilidade. A despeito da recuperação
do indicador, sua abertura ainda mostra sinais de fragilidade na economia. O
número deve afastar, pelo menos pontualmente, o receio em torno de uma espiral
negativa da economia do país, mas ainda mostra a necessidade de novas medidas
de suporte ao crescimento. Segundo o próprio HSBC: “The HSBC China Manufacturing PMI
improved to 50.4 in the flash reading for October, up from 50.2 in the final
reading for September. Domestic as well as external demand showed some signs of
slowing although both remained in expansion territory. Disinflationary
pressures intensified as both the input and output price indices declined
further. Meanwhile the employment and inventory indices improved. While the
manufacturing sector likely stabilized in October, the economy continues to
show signs of insufficient effective demand. This warrants further policy
easing and we expect more easing measures on both the monetary as well as
fiscal fronts in the months ahead.”
Europa – Na Área do Euro, o Flash Manufacturing PMI saiu de 50.3
para 50.7, com o Services PMI ficando estável em 52.4 pontos. Estes números são
os primeiros sinais, ainda que incipientes, de estabilização do crescimento da
região. O cenário ainda é de fragilidade, o que demanda atenção e,
possivelmente, novas medidas por parte do ECB. Contudo, retira do curto-prazo o
risco de uma desaceleração ainda mais acentuada da economia da região.
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