Ruídos vs Riscos

O movimento de transição dos mercados financeiros globais, que tenho comentado a algumas semanas, se intensificou nos últimos dias, com alguns ruídos que julgo pontuais, afetando o humor global a risco. Acredito que as bolsas globais já tenham feito um movimento considerável de realização de lucros. É difícil saber onde elas irão parar, mas já julgo os níveis de preço e volatilidade dos mercados globais como mais justos neste momento, ao contrário do que via a algumas semanas atrás. Acho válido, porém, colocar por escrito o que parecem ser vetores estruturais, e o que são apenas ruídos pontuais:

- Ebola: O surgimento de um caso de Ebola nos EUA é negativo no curto-prazo, mas ainda me parece cedo demais para pânico. O vírus é letal, de difícil controle, e sem um tratamento eficaz claro. Contudo, se países na África, como a Nigéria, já conseguirem conter o vírus, não vejo motivos para um pânico generalizados dos ativos de risco (ruído);.

- BCE: O Banco Central Europeu não divulgou novas medidas de estimulo monetário hoje, e seu discurso ficou aquém daquele esperado pelo mercado, o que esta ajudando a colocar um tom mais negativo nos ativos de risco. Acho que as medidas divulgadas até a última reunião são agressivas, e deveriam dar algum suporte a economia da região. O movimento de hoje me parece ruído de curto-prazo.

- Hong Kong: As manifestações no país, em busca de maior liberdade política, se intensificaram. Há um risco real de que a China reaja de maneira mais violenta. Contudo, me parece um problema pontual e localizado (ruído).

- EUA: O fim do QE está cada vez mais próximo, mas o Fed será gradual no seu processo de alta de juros. Acredito que este vetor tenha maior impacto estrutural sobre os mercados, já que a ampla liquidez dos mercados nos últimos anos foi determinante para a valorização excessiva de algumas classes de ativos. Este me parece um risco mais real e estrutural.


- China: O menor crescimento estrutural da China está se materializando, mas o governo vem adotando medidas mais agressivas com intuito de colocar um piso no crescimento. Vejo o menor crescimento da economia da China como um risco real aos mercados, mas que já vem sendo precificado gradualmente. As medidas colocadas em prática nos últimos meses, contudo, deveria dar algum suporte ao crescimento.

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