Brasil
Os últimos dias foram bastante
agitados para os mercados financeiros locais e globais.
Do ponto de vista externo, continuo
vendo os ativos de risco passando por um período de transição, onde o fim do QE
se aproxima nos EUA, e o menor crescimento estrutural da China fica cada vez
mais evidente. Neste ambiente, é natural esperar que os investidores demandem
maior prêmio de risco nos mercados, ou seja, preços mais atrativos, o que
pressupõe uma maior volatilidade de curto-prazo e um período de realizações e
consolidação de algumas classes de ativos. Ainda não vejo motivos para
correções mais rápidas e acentuadas.
No que diz respeito da Brasil, as
eleições continuam ditando a dinâmica de curto-prazo. Vale lembrar que o
cenário macro vem mostrando claros sinais de deterioração nos últimos dias, com
as contas fiscais, divulgadas na semana passada, tendo sido o último exemplo
disso. Com os fatos que temos em mão hoje, Dilma é franca favorita para vencer
o pleito eleitoral. Se os mercados já embutem este cenário, tenho dificuldade
em responder. Nos últimos dias, contudo, o governo vem ventilando na mídia a
possibilidade de mudanças mais ortodoxas na economia, caso seja reeleito. Um
novo ministro da fazenda, uma possível alta de juros, uma provável elevação no
preço da gasolina, a alteração para “bandeiras tarifárias” no setor elétrico
são algumas das medidas que vem sendo “pre anunciadas” pela mídia, e poderiam
funcionar como amortecedor para o preço dos ativos locais. A ausência de
medidas do BCB no câmbio, após os movimentos recentes, pode pressupor que os swaps
cambiais tenha chegado ao limite de sua eficácia, com quase US$100bi de
estoque. Altas de juros poderiam ser utilizadas para frear o movimento do
câmbio.
EUA – O ISM
Manufacturing divulgado ontem ficou abaixo das expectativas do mercado, assim
como o Chicago PMI e o Consumer Confidence anunciados no começo da semana. A
despeito da queda e da surpresa negativa, os números continuam em patamares
robustos, consistentes com um crescimento saudável da economia. Acomodações em
torno dos atuais patamares são totalmente naturais nesta etapa do ciclo econômico.
O Jobless Claims divulgada essa manhã apresentou nova queda, mantendo-se no
menor nível desde a “grande exuberância” da economia no período de 2006-2007. O
numero mostra um mercado de trabalho bastante aquecido, o que deveria continuar
dando sustentação ao crescimento da economia nos próximos meses.
Europa – O ECB não
trouxe grandes novidades em sua reunião hoje pela manhã. A ausência de novas
medidas já era esperada, mas dado o movimento dos ativos europeus nos últimos
dias, pode ser vista com mau olhos pelos mercados no curtoo-prazo. Podemos
observar uma breve correção dos ativos europeus no curtíssimo-prazo, com EUR
para cima, bonds europeus e bolsas para baixo.
China – O país
encontra-se em feriado pelo resto desta semana, mas o governo continua divulgando
medidas visando dar suporte ao crescimento e promover as reformas estruturais
necessárias para o melhor andamento da economia no longo-prazo. Hoje divulgou
medidas visando controlar o mercado de crédito local, especialmente no que diz
respeito ao LGFV. Vejo um curto-prazo levemente mais positivo para os ativos
ligados a China, a despeito de um longo-prazo extremamente desafiador.
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