De volta aos fundamentos
Os mercados externos operam sem movimentações relevantes essa manhã, após uma final de semana relativamente esvaziado e sem novidades relevantes. A agenda da semana terá a decisão do FOMC como grande destaque nos EUA, mas outros indicadores de atividade ajudarão o mercado a ter uma melhor definição em torno do real estado da economia norte americana. Mantenho minha visão que os últimos meses marcaram apenas um “soft-patch” da economia global e, especialmente, da economia norte americana. Espero que os indicadores de atividade ao redor do mundo apontem para uma recuperação do crescimento neste último trimestre do ano.
De maneira geral, os sinais de estabilização do crescimento mundial nos últimos dias, aliados a resultados corporativos acima das expectativas, tem sido importantes pilares de sustentação aos ativos de risco, em especial para as bolsas mundiais. Mantenho minha visão de que caso o crescimento global continue a dar os sinais de estabilização que estamos observando nos últimos dias, espero uma recuperação gradual das bolsas mundiais. O mercado de juros nos países desenvolvidos deve permanecer ancorado, mas não podemos descartar um movimento de leve alta de taxas de juros, pelo simples fato dos níveis terem atingido patamares excessivamente baixos no “sell-off” dos mercados nas últimas semanas. O USD deveria voltar a sua trajetória de fortalecimento, porém mais concentrado nas moedas cujos países ainda devem apresentar uma dissonância de política monetária em relação aos EUA, como EUR, JPY, CHF, entre outros. Caso os juros no mundo desenvolvido permanecem ancorados, podemos ter uma nova busca por yields, favorecendo os ativos emergentes, especialmente de renda fixa e câmbio.
Brasil – Dilma foi reeleita presidente da república. Espero uma reação clássica de aversão a risco nos ativos locais hoje, com forte queda da bolsa, abertura das taxas de juros e alta do dólar. Os investidores agora poderão voltar suas atenções aos fundamentos econômicos, tirando o foco do cenário político. Nesta frente, contudo, os sinais são terríveis e assustadores. O discurso adotado por Dilma após sua vitória teve um tom conciliador, mas o mercado não dará o benefício da dúvida a uma nova gestão do PT. Dilma agora precisará anunciar sua nova equipe econômica e mostrar como pretende governar um país divido, com uma economia precária e com um novo escândalo nas costas.
Europa – O “stress test” dos bancos anunciados no final de semana acabou ficando em linha com o que já vinha sendo ventilado na mídia nos últimos dias. Cerca de 25 bancos falharam no teste. Este evento era tido como um importante pilar no programa de estímulo a economia que vem sendo colocado em pratica pelo BCE. Com este risco saindo da agenda, as esperanças são de que seja possível um aumento do crédito na região, importante vetor de estímulo ao crescimento europeu. Na Alemanha, o IFO caiu de 104.7 para 103.2 pontos em outubro, abaixo das expectativas de 104.5. O número confirma o que outros indicadores de confiança na região já vinham mostrando nos últimos dias, ou seja, uma grande preocupação em torno do cenário de crescimento local.
EUA – O Fed deve manter seu “plano de voo” e encerrar o QE na reunião do FOMC agendada para esta semana. Contudo, deve manter um comunicado dovish e sinalizar que o processo de normalização monetária no país deve ser gradual. O Comitê ainda não vislumbra o começo de um processo de alta de juros no horizonte relevante de tempo.
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