Eleição no Brasil e crescimento global
Exceto pelo cenário político local, o final de semana foi relativamente esvaziado do ponto de vista econômico. A semana será de agenda relativamente cheia ao redor do mundo, com números de crescimento e inflação dominando as manchetes (especialmente nos EUA), além da continuidade de uma agenda de resultados corporativos cheia nos EUA.
Brasil – O último final de semana antes das eleições presidenciais no Brasil foi marcado pelo auge das acusações mutuas entre os candidatos, vazamentos de novos nomes relacionados ao escândalo na Petrobras, e uma baixaria generalizada, especialmente por parte do PT. O debate deixou de lado as propostas para o futuro do país e ganhou contornos de guerra pessoal. As pesquisas de intenção de votos continuam mostrando um empate técnico entre os candidatos, confirmando aquilo que vínhamos prevendo, ou seja, uma eleição extremamente disputada, que será definida nos detalhes. Acredito que o fluxo de notícias do final de semana tenha sido levemente mais positivo para Aécio, já que os escândalos da Petrobrás acabaram dominando a mídia, com a campanha de 2010 em evidência e o vazamento de novos nomes, ligados ao atual governo, no escândalo da estatal. A postura do PT me parece de certo desespero. Contudo, como não sou especialista em marketing político, fica difícil medir, neste momento, a quem estes ataques mútuos mais atingem, Dilma ou Aécio. Hoje teremos mais um debate na Record. Finalizaremos a campanha com um debate na Globo no final da próxima semana. Durante a semana, teremos a divulgação de novas pesquisas de intenção de votos.
Externo – Acredito que estamos passando por um “soft patch” da economia mundial, liderada pela desaceleração da Europa, mas também sinalizada pelo fraco crescimento no Japão, China e países emergentes. A economia americana me parece saudável, e os sinais de acomodação do crescimento devem se mostrar um movimento natural do ciclo econômico. No meu ponto de vista, como alertamos neste fórum por diversas vezes, os mercados globais se mostravam com baixo prêmio de risco a cerca de 4 a 6 semanas atrás, com preços excessivos, volatilidade irracionalmente baixas e uma posição técnica ruim. O movimento das últimas duas semanas se mostrou mais rápido e acentuado do que muitos esperavam, mas não deixa de ser uma reação clássica as maiores incertezas do atual cenário. Após os acontecimentos das últimas semanas, vejo os ativos de risco hoje em patamares mais saudáveis, com uma posição técnica mais “limpa” e prêmios de volatilidade mais racionais. Os bancos centrais das principais economias do mundo mostraram, uma vez mais, que estão dispostos a impedir movimentos mais bruscos dos ativos de risco. Eles se mostraram preparados a agir a qualquer sinal de alteração no cenário base. Espero uma estabilização dos ativos de risco nos próximos dias. Contudo, tendo a acreditar que o período de volatilidades excessivamente baixas ficou para trás. Devemos nos acostumar com um ambiente de maior volatilidade e prêmios de risco mais elevados. Ainda vejo o crescimento da Europa e da China como focos de preocupação para o longo-prazo, assim como o processo de normalização monetária nos EUA, com o QE ainda previsto para ser encerrado este mês.
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