Para onde vamos?
O domingo está apenas começando. Temos um longo caminho
até a abertura dos mercados hoje à noite. De qualquer forma, as perspectivas
não são boas. As bolsas no Oriente Médio – que abrem no domingo – apresentam forte
queda, da ordem de 5% ou mais.
Se o mercado vai subir ou cair nos próximos 2-3 dias,
é muito difícil de prever. A queda foi rápida e acentuada, a posição técnica
deu uma “balançada”, mas queria focar nas perspectivas para o cenário.
Primeiro, o fluxo de notícias continuará negativo.
Novos casos de Coronavírus estão sendo anunciados ao redor do mundo. A situação
na Coreia do Sul preocupa, com quase 1 mil novos casos diários. O país é um
importante “hub” da cadeia global de produção.
Nos EUA, o problema está apenas começando e deve se
intensificar nos próximos dias.
Segundo, começaremos a receber os dados econômicos em
meados de março e o PMI da China (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2020/02/daily-news-esperancas-e-novas-supresas.html)
é um sinal de alerta. O mercado parecia excessivamente otimista com o tamanho,
magnitude e, principalmente, com a duração desta “crise” (acho que já podemos
chamar de “crise”).
Terceiro, a reação dos Bancos Centrais será essencial.
O comunicado do Fed na sexta-feira foi um alento, mas insuficiente. O mercado
já precifica mais de 2 quedas de 25bps nas taxas de juros americanas (Fed
Funds) nos próximos meses.
A queda de juros é positiva, pode vir a ajudar a
estabilizar o humor de curto-prazo, mas tendo a acreditar que, ao longo dos
próximos 4 a 6 meses, descobriremos que apenas os juros serão insuficiente para
lidar com a desaceleração atual,
Para quem lembra, em 2008 passamos por todos estes
estágios: Corte de Juros, QE, TARP, Cash for Clunkers e assim por diante. Os “policy
makers” precisarão, uma vez mais, serem criativos para sairmos desta situação.
Por fim, foco no mercado de crédito na China e nos
EUA. Na China, a situação já parece calamitosa, mas o governo tenta abafar o
problema. Em algum momento, a “bolha” poderá estourar. Nos EUA, este problema irá
se agravar à medida que a economia desacelera, as empresas veem seus lucros
caírem, o fluxo de caixa ficará baixo e a capacidade de pagamento de suas
obrigações financeiras podem ficar comprometidas.
Sim, estou um pouco mais
preocupado com o cenário de curto-prazo. Ainda vejo muitas incertezas. Ainda tenho
dúvidas se estamos no ponto de inflexão do ciclo global de crescimento.
Entretanto, me assusta a convicção média do mercado de que este problema é
apenas passageiro. Este tipo de “negação” me deixa ainda mais receoso.
Caro Dan, o que mudou em sua visão de lá pra cá?
ResponderExcluirAbraços!