Realização de lucros.

A terça-feira pode ser classificada como um dia em que as principais posições consensuais do mercado foram testadas. Em outras palavras, observamos um forte ajuste de posições nos principais temas do mercado. Assim, o dia foi de short squeeze nas commodities, e dólar fraco ao redor do mundo. Vejo esses movimentos como ajustes pontuais, naturais e esperados, dentro de uma tendência mais longa e estrutural. O nível de preço que estes ativos atingiram nos últimos dias, aliado a posições aparentemente já carregadas para estes temas, me parecem ter sido vetores preponderantes para estes movimentos de ajuste.

O que me parece mais interessante foi o trigger para o movimento das commodities. O acirramento dos problemas geopolítico ao redor do mundo, com um avião russo sendo abatido por tropas turcas acabou gerando uma forte alta no petróleo, que acabou dando suporte as demais commodities ao redor do mundo. A despeito dos movimentos positivos de hoje, não vejo uma alta no petróleo, com motivos geopolíticos, como positiva para o cenário econômico global.

No Brasil, o dia não foi diferente da dinâmica externa, com forte alta da Petro (posição UW/Short de todo o mercado), abertura de taxas de juros (após acentuado fechamento nos últimos dias) e apreciação do BRL, em linha com o resto do mundo emergente.

A curva de juros precifica menos de 10bps de alta na reunião do Copom de amanhã, com cerca de 150bps de ciclo total de alta. Acredito que a curva esteja justa nestes níveis e diante dos desafios que se avizinham no tocante a inflação. Não vejo o BCB promovendo um ciclo de alta superior a 150bps e acredito que o risco seja de um ciclo de alta de juros menor do que aquele precificado na curva atualmente.

Acho interessante observar que o Cupom Cambial saiu de cerca de 1,5% para 2,8% nos últimos dias (Jan16), mesmo com o BCB promovendo leilões de linha para o final do ano e a despeito do movimento positivo do BRL nas últimas semanas. De maneira geral, ainda não há sinais concretos de fluxo spot estrutural para o país. O final do ano costuma ser um período de sazonalidade que começa a ser mais desfavorável para a moeda em termos de fluxos, por isso a postura do BCB em oferecer leilão de linha ao mercado.

EUA – O PIB do 3Q foi mantido em 2,1% em sua revisão. O Consumer Confidence caiu de 99,1 para 90,4 pontos em novembro, abaixo das expectativas de 99,5. Acredito que a queda seja um movimento normal do ciclo econômico e ainda não vejo sinais de mudança do cenário que venha a afetar a decisão de política monetária de curto-prazo.


Europa – O IFO, na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança do país e de toda a Europa, apresentou alta de 108,2 para 109,0 em novembro, acima das expectativas. O número mostra um crescimento ainda saudável no país, mesmo diante dos últimos atentados terroristas na França.

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