Copom: Hawkish Hold.
Em um dia de feriado nos EUA, em que a liquidez dos mercados deve ser prejudicada, o destaque desta manhã fica para um leve movimento de fortalecimento do dólar no mundo.
Brasil – Como era amplamente esperado, o Copom manteve a taxa de juros Selic estável em 14,25% em sua reunião de ontem. Contudo, o Comitê promoveu alterações significativas em seu comunicado, já que a decisão não foi unanime, com dois membros votando por uma alta de 50bps. O comunicado, agora, não mais afirma que a manutenção das taxas de juros nos atuais níveis, por tempo prolongado, será suficiente para trazer a inflação de volta a meta no horizonte relevante de tempo. Assim, o risco de um novo ciclo de alta de juros eleva-se substancialmente. As minutas da reunião serão essenciais para medir se estas alterações no comunicado, assim como o dissenso, são sinalizações na tentativa de conter as expectativas de inflação, ou foram apenas a vontade de alguns poucos membros, sem que haja uma intenção real da maioria. em uma mudança de estratégia. A grosso modo, em uma mudança de perfil do comitê, como vemos em bancos centrais mais maduros, como o Fed, por exemplo, onde dissensos são normais e, por vezes, ocorrem consecutivamente durante meses (ou anos) sem que haja alteração da política monetária por parte do Comitê.
Mantida a precificação do mercado de ontem, a curva curta de juros apresenta cerca de 200bps de alta de juros nas próximas reuniões do Copom, o que me parece justo do ponto de vista atual. Acredito que poderemos observar alguma pressão altista na parte curta e intermediária da curva após a surpresa mais hawkish do comunicado ontem e, principalmente, devido a uma posição técnica muita aplicada na barriga da curva (Jan17 e Jan18), mas acredito que a matemática das altas deverá limitar este movimento. A curva deverá voltar a flattar, após um leve steepening nos últimos dias. A sinalização pode vir a dar suporte relativo adicional ao BRL, em meio a notícias marginalmente mais positivas para fluxo. Não vejo estes movimentos como estruturais, já que o cenário segue complexo.
O Senado manteve a prisão temporária de um de seus membros, Delcidio do Amaral, em uma votação histórica e aberta.
A Moody´s colocou o rating do Banco BTG Pactual sobre revisão. O custo de captação da instituição deverá sofrer uma reprecificação relevante nos próximos dias. A ação caiu 30% ontem (a instituição anunciou uma recompra relevante das ações a mercado), seus bonds offhsore caíram na ordem de 20pts e o mercado fala em resgates substanciais dos fundos da casa (Asset, Wealth, Administração e Custódia). Além disso, devem haver inúmeros CDBs e outros papéis de dívida local que estão com demanda para resgate antecipado. Ainda não vejo risco sistêmico. Acredito que o banco tenha ampla liquidez e capacidade de honrar seus compromissos, mas passará por um encolhimento de suas operações, podendo trazer um novo aperto ao mercado local de crédito, afetando ainda mais o crescimento do país. Com as ações a mercado operando abaixo de book, a instituição passará por um importante teste ao seu modelo de partnership, já que as ações negociadas internamente são feitas a book. Acredito que eles tenham capacidade de se reinventar, mas precisarão administrar um curto-prazo turbulento, com enormes desafios pela frente.
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