Forte queda das bolsas da China.
As bolsas da China tiveram um dia de forte queda, superiores a 5%, o que está dando um tom mais cauteloso aos ativos de risco está manhã. A queda está sendo atribuída a uma investigação mais ampla as corretoras de valores do país, em um momento em que observamos uma nova rodada de depreciação da moeda local (CNY). Além disso, os dados de Industrial Profits, divulgados hoje, reforçaram a mensagem de que ainda não há nenhum sinal de recuperação da economia no curto-prazo. Eu vejo uma processo lento, gradual e prolongado em que o crescimento chinês será estruturalmente mais baixo do que no passado. A depreciação do CNY deverá ser uma tendência que veio para ficar, mas deverá ser bem administrada pelo governo, de forma que o processo também seja lento e gradual. Contudo, a despeito de eu não esperar uma crise sendo deflagrada no país, podemos passar por momentos pontuais de maior receio em torno da saúde econômica e financeira da China ao longo deste processo de ajuste da economia e de sua moeda.
Minha visão em relação aos mercados permanece inalterada, a despeito do price-actionestar mostrando que, por hora, eu estou errado em relação ao cenário de curto-prazo. Não vejo valor nas bolsas dos EUA nos atuais níveis, frente as inúmeras incertezas de cenário. Acredito que o dólar ainda tenha espaço para mostrar bom desempenho contra as moedas emergentes e dependentes de commodities, e vejo o atual equilíbrio dos ativos no Brasil como um “equilíbrio instável”. Acredito que observamos uma deterioração adicional dos fundamentos econômicos (crescimento, inflação, fiscal e etc) nas últimas semanas, que não está sendo devidamente precificada.
No Brasil, como podemos ver nos comentário abaixo, vejo novos sinais de deterioração adicional no quadro político e econômico do país. O atual equilíbrio que aparenta haver nos mercados locais me parece enganoso, e ajudado por fluxos pontuais e cíclicos de ajuste de posições excessivamente negativas e de “fast money” tentando se aproveitar de uma melhora pontual dos ativos locais.
Os dados das contas externas divulgados ontem mostram um quadro relativamente tranquilo. Se, por um lado, continuamos a ver a saída de fluxos da conta financeira, especialmente dos ativos de renda fixa (neste mês foram cerca de US$3bi), por outro lado, o FDI vem sendo forte o suficiente para cobrir o cadente déficit em conta-corrente. A depreciação cambial é, e de continuam a ser, uma espécie de amortecedor automático para a economia em momentos como o atual. Por isso, acredito que o câmbio de equilíbrio no Brasil talvez seja superior aos 3,75 que verificamos hoje.
No tocante as contas fiscais do governo central, os dados de outubro, cujo o déficit atingiu R$12,4bi, trouxeram tendências preocupantes em sua abertura para os meses que se avizinham. Segundo o banco Brasil Plural: This deterioration was caused by both a sharper drop of net revenues and a rise in expenditures, driven by the payment of the first part of the 13th salary to retirees, which was postponed from September this year. We also highlight that, according to the National Treasury, the government can only freeze R$ 10.7 bn in its last fiscal implementation decree. However, considering the government’s forecast of a primary deficit of R$ 51.8 bn, it would be necessary to freeze R$ 107.1 bn in order to avoid problems with the Court of Accounts. As we argued in our previous report, the apparent improvement seen over the previous two months was temporary, and the central government primary deficit will continue to widen in the coming releases. With this result, we expect the public sector primary deficit, which will be disclosed on Monday, to come in at R$ 11.8 bn, taking the deficit over 12 months to R$ 41.2 bn (0.7% of GDP), from R$ 25.7 bn up to September.
Nos jornais de hoje, destaque para uma entrevista de Joaquim Levy, que trouxe poucas novidades relevantes ao cenário. Eduardo Cunha afirmou ontem que pode decidir sobre os processos de impeachment até o dia 30 deste mês, o que poderia trazer novo componente de incerteza ao cenário político local. Ontem, a Fitch afirmou que o Brasil poderá sofrer outro downgrade já no início de 2016, perdendo o selo de grau de investimento. Finalmente, de acordo com o Valor:
Mesmo com receitas extras para compensar a exclusão da CPMF, ainda há um rombo de aproximadamente R$ 30 bilhões no Orçamento do próximo ano. O cálculo de consultores do Congresso indica que nem se aliados do Palácio do Planalto conseguirem reincluir a CPMF estimada em R$ 24 bilhões na programação orçamentária será suficiente para o governo alcançar a meta fiscal de 2016, estabelecida em R$ 34,4 bilhões. Esse rombo já considera recursos da regularização de dinheiro não declarado no exterior, dos leilões de hidrelétricas e da venda de ações da Caixa Seguridade e IRB, acrescentados pelo relator da receita, senador Acir Gurgacz (PDTRO). Também foram descontadas despesas que a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff pretende cortar. Para resolver o problema, o governo federal, segundo uma fonte, espera usar a arrecadação com a legalização de jogos de azar, elevar a estimativa relacionada à repatriação de dinheiro não declarado em R$ 9 bilhões e insistir na CPMF, mas para que comece a ser cobrada no segundo semestre.
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