Brasil: Deterioração dos fundamentos continua.
A quinta-feira, véspera de feriado no Brasil, foi marcada por um
forte movimento de dólar fraco no mundo, no que me parece ser um movimento
pontual de realização de lucros. Como comentamos no início da semana,
observamos um expressivo acumulo de posições “compradas em dólar” nas últimas
semanas, o que sinalizava para potenciais movimentos de correção como o
verificado hoje. Ainda não vejo motivos para alterar o cenário estrutural de
fortalecimento da moeda norte americana. Movimentos de queda devem ser vistos
como oportunidade de alocar risco nesta direção.
Brasil – O
IPCA-15 apresentou alta de 0,85% em novembro, acumulando uma alta de 10,28% em
relação ao mesmo período do ano passado. O número ficou em linha com as
expectativas, mas o qualitativo do indicador aponta para um quadro ainda
extremamente complicado para a inflação no país. Em resumo, de acordo com nossa
área econômica: Qualitativo ruim. Núcleos acelerando em 12 meses.
Inflação de serviços acelerando em 12 meses na margem. Mesmo os subitens
ligados à atividade aceleraram em 12 meses. Índice de difusão (71,8%) continua
elevado para dada variação mensal do IPCA.
A taxa de desemprego saiu de 7,6% para 7,9% em outubro, acima
das expectativas de 7,6%. Assim como no IPCA-15, vemos sinais preocupantes no
qualitativo do indicador.
Forte queda da população ocupada na comparação com os meses
anteriores. A taxa de desemprego só não foi mais elevada porque a taxa de
crescimento da PEA foi negativa no ano/ano. Rendimento nominal veio bem fraco
(+2,8%a/a). Consequentemente, o rendimento real foi negativo em 7%a/a, algo que
não se via desde o final de 2003/começo de 2004.
De maneira geral, continuo vendo sinais evidentes de
deterioração adicional da economia do país. Acredito que o BCB esteja em
situação extremamente desconfortável no tocante ao que fazer do ponto de vista
de política monetária. Assim, acredito que a curva curta de juros esteja em um
patamar justo para o cenário que se avizinha. O BRL continua a ser afetado por
uma posição técnica extremamente “vendida”, em meio a um ambiente de suposto
avanço político, com algumas vitórias tendo sido atingidas pelo governo no
congresso nos últimos dias. Acredito que, em algum momento, o BCB poderá optar
por rolar menos swaps cambiais caso o movimento de apreciação do BRL continue
na mesma magnitude recente e, principalmente, descolado do resto do mundo.
China - A
China promoveu mais uma medida, pontual e localizada, para dar alivio ao
crédito no país. O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês)
anunciou nesta quinta-feira que iria cortar as taxas de juros para um instrumento
de empréstimo chamado Linha de Crédito Permanente (SLF, na sigla em inglês). A
medida é um esforço para guiar as taxas de juros do mercado. Novas medidas nesta linha devem ser
esperadas, a luz da fragilidade do crescimento. Por um lado, a medida mostra
disposição do governo em dar suporte a economia. Por outro lado, já fazem
alguns meses que medidas nesta linha tem sido adotadas, sem sucesso por parte
do governo em estabilizar o crescimento.
EUA – O
Jobless Claims se manteve em torno de 270k na última semana, patamar ainda
consistente com um mercado de trabalho robusto. O Philadelphia Fed saiu de -4,5
para 1,9 pontos em novembro, acima das expectativas de -0,5. O número é volátil
e representa apenas uma região do país. Os dados de hoje não alteram a
perspectiva de uma alta de juros por parte do Fed na reunião do FOMC de
dezembro.
Europa – As
Minutas da última reunião de política monetária do ECB apenas reforçam as
expectativas de que novas medidas de suporte ao crescimento serão adotadas em
breve.
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