Fed: On Course for December
A quarta-feira foi marcada pela divulgação de um forte ISM
Non-Manufacturing nos EUA, que saiu de
56,9 para 59,1 pontos em outubro, muito acima das expectativas de 56,5 pontos.
A abertura do indicador também foi bastante positiva, especialmente com o sub
índice de Employment atingindo um dos níveis mais altos dos últimos 10 anos. O
indicador é relevante, pois ao setor de serviços representa cerca de 70%-80% da
economia norte americana. O número reforça a visão de um economia saudável,
elevando a probabilidade do Fed dar início a um processo de alta de juros já em
dezembro. Este cenário foi ainda magnificado pelo discurso de Yellen, que
basicamente repetiu a mensagem do comunicado do FOMC, e por um robusto ADP
Employment, que mostrou criação de 182 mil vagas de trabalho em outubro.
Com o cenário descrito acima, a probabilidade de uma alta de
juros em dezembro, precificada nos juros curtos de mercado, chegou ao patamar
próximo a 60%. O número deu sustentação do dólar no mundo, ajudado por mais uma
rodada de abertura de taxas de juros nos EUA, o que acabou pressionando as
commodities e as bolsas.
Minha visão continua a mesma desde o FOMC. Espero um aumento
da volatilidade dos ativos de risco. O dólar no mundo deveria ganhar algum
suporte, assim como as taxas de juros nos EUA. Não vejo um cenário
necessariamente negativo para as bolsas dos países desenvolvidos, mas
certamente a sinalização adiciona um componente de incerteza a mais ao cenário.
Os países emergentes podem voltar a ser foco de volatilidade, com os países
cujo os fundamentos são mais frágeis podendo sofrer novas rodadas de pressão
negativas. Gostaria de reafirmar que a possibilidade do começo de um
processo de alta por parte do Fed não será inequivocamente negativo para ativos
de risco, mas pode abrir uma porta para a diferenciação entre classes de ativos
e regiões.
Brasil – O Brasil parece estar vivendo uma
dinâmica própria. A performance dos fundos Multimercados, Long Short, Equity
Hedge e Long Only na terça-feira mostrou que o mercado local já estava bastante
posicionado para uma deterioração dos ativos brasileiros. Todas essas classes
de fundos apresentaram desempenho bastante negativo, em termos absolutos e
relativos a seus benchmarks, nas
cotas de ontem. Este vetor me leva a acreditar que a posição técnica já estava
ruim para apostas contra os ativos locais, o que acabou exacerbando o movimento
de ontem.
Eu continuo com uma visão mais negativa com relação ao cenário
local. Vejo pouco prêmio de risco nos atuais níveis. CDS abaixo de 400bps,
dólar abaixo de 3,8, steepening da
curva (Jan21/Jan17) em 20bps, juros reais longos abaixo de 7% e etc. Contudo,
entendo que estamos diante de um ajuste técnico, que foi ajudado por uma
melhora do humor global a risco. Devemos respeitar o price-action, mas não perder de vista o cenário estrutural. Esta
visão será reavaliada caso o governo consiga avanços significativos no ajuste
fiscal, consiga apoio de sua base aliada ou os problemas políticos sejam
definitivamente equacionados.
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