Novo vetor de desestabilização global.

Os ativos de risco abriram o domingo a noite (horário do Brasil) sobre forte pressão, mas desde então apresentaram recuperação, e operam apenas com leve viés negativo está manhã, começo de semana na Europa, e ainda muito cedo nos EUA. A agenda do dia terá Empire Manufacturing nos EUA, IPC-S no Brasil e o número final do CPI de outubro na Área do Euro.

Como comentamos na noite de ontem (vide abaixo), os trágicos acontecimentos em Paris na sexta-feira a noite foram uma tragédia humanitária, mas deveriam trazer poucos impactos econômicos e financeiros. Contudo, os eventos ocorrem em um período de fragilidade dos ativos de risco, o que pode acabar trazendo um vetor adicional de incerteza a um cenário já fragilizado.

No Brasil, o congresso do PMDB pode marcar o desembarque oficial do partido da base de apoio do governo, trazendo de volta a pauta do debate político do país a possibilidade do impeachment do atual governo, em um ambiente em que a governabilidade do país seria drasticamente afetada, com o governo perdendo o seu principal partido de apoio da base aliada.

O final de semana foi marcado pela repercussão da barbárie dos atentados terroristas ocorridos em Paris na sexta-feira à noite. Os eventos foram uma catástrofe do ponto de vista humano, não apenas para Paris, mas como para toda a humanidade. O impacto econômico desses eventos, contudo, tende a ser mais moderado. Com a França em estado de alerta, é razoável supor que a atividade econômica sofre impactos negativos pontuais, que acabam se dissipando a medida que a vida volte ao normal no país. Politicamente, contudo, os atentados podem acabar ampliando o debate em torno da imigração na Europa, assim como poderá acirrar a disposta das eleições agendadas para dezembro no país. Em um ambiente global fragilizado pela perspectiva de alta de juros nos EUA e por um fraco crescimento da China e dos demais países emergentes, os últimos eventos podem trazer mais volatilidade e incerteza para os mercados financeiros globais. De maneira geral, contudo, não acredito que os atentados, por si só, deveriam alterar de forma significativa o cenário econômico mundial.

No Brasil, a mídia continua debatendo os rumos da política econômica do governo, e a possibilidade da mudança do Ministro da Fazenda. Na minha visão, a saída de Joaquim Levy é uma questão de tempo. Não acredito que a mudança do ministro será capaz de alterar o quadro econômico do país. O nome mais cotado para substituí-lo parece ser de Henrique Meirelles. É verdade que Meirelles parece ser mais capacitado politicamente do que Levy. Sua entrada no governo poderia ser vista como uma injeção de animo pontual ao ajuste econômico. Todavia, mesmo assim, precisaria do apoio do congresso para colocar o país de novo nos trilhos. Outros nomes continuam a ser ventilados como substitutos de Levy, nenhum com capacidade de mudar drasticamente o atual cenário político e econômico do Brasil. Estamos no meio de uma crise política, que vem se sobressaindo em relação ao cenário econômico. Apenas a equalização do lado político será capaz de alterar o quadro econômico.

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