Banco Central Europeu & Ata do Copom

Europa – Surpreendendo os mais céticos, porém em linha com o que vinha sendo ventilado na mídia nas últimas semanas, o BCE anunciou um pacote amplo e agressivo de medidas visando estimular o crescimento e evitar um período mais prolongado de deflação na economia da região. Além de um corte de juros em suas principais taxas, o Banco anunciou medidas relevantes visando destravar o crédito, se dizendo preparado para tomar medidas adicionais, como um programa de QE, caso o cenário prospectivo não se desenvolva como o imaginado. De maneira geral, achei as medidas positivas e agressivas. Acredito que este tipo de postura deveria dar suporte as bolsas e bonds europeus, assim como colocar alguma pressão no EUR. Pontualmente, devemos ver algum suporte aos ativos de risco, EM e Carry em especial. Contudo, acredito que, no final das contas, o cenário de juros nos EUA quem ditará a dinâmica desses ativos em prazos mais longos.

Brasil – A Ata do Copom foi neutra. O BC precisava explicar a manutenção das taxas de juros, em um ambiente de inflação ainda perigosamente alta, e sem mostrar convergência ao centro da meta no horizonte relevante de tempo. Assim, era natural esperar que o BC colocasse o peso de sua decisão na surpresa negativa do crescimento e confiança. Acho que o BC deve manter os juros estáveis até as eleições. Após as eleições, apenas o mix de crescimento e inflação que ditará os próximos passados de política monetária. Por hora, o mercado está lendo essa postura do BC como o fim do ciclo de alta. A curva local de juros vem precificando o aumentando da probabilidade de um “cavalo de pau” na postura do BC, ou seja, que em breve o BC terá que começar um processo de queda de taxas. Eu, particularmente, ainda acho cedo para este tipo de cenário ser precificado, mas dado o histórico deste BC, tudo é possível. Os ativos de renda fixa locais estão seguindo a melhora do humor global a risco após a decisão do BCE. Acredito que este bid nos ativos de risco e carry podem durar por algum tempo, mas a dinâmica da Treasury americana quem será determinante em horizontes mais longos.

EUA – O Initial Jobless Claims divulgado hoje pela manhã se manteve no robusto patamar em torno de 300k, com a média móvel de 4 semanas, uma medida mais suave deste indicador, apresentando nova queda. O Continuing Claims caiu para o menor patamar deste ciclo econômico. Os últimos indicadores de crescimento e emprego no país se mostram bastante robustos, e consistentes com o ambiente de continuidade de recuperação econômica do país. O Fed, assim, pode dar continuidade a seu processo de normalização monetária com maior tranquilidade. Acredito que o Fed será extremamente gradual neste processo, mas vejo os preços de mercado não condizentes com este cenário. Assim, espero um processo gradual de alta das taxas de juros no país, ajudando a sustentar um movimento gradual de fortalecimento do USD no mundo. Além disso, este ambiente enseja um pano de fundo mais desafiador para os ativos EM no médio-prazo, passado o efeito inicial das medidas do BCE. Os Dados de Emprego, agendados para amanhã, serão fundamentais para a materialização, ou não, deste ambiente.

EUA/Payroll – O mercado já trabalha com expectativas em torno de 200k para o número de amanhã. Os números de Taxa de Desemprego e Earnings também serão importantes para a resposta do mercado ao número. Vale, contudo, termos alguns cenário em mente.

Payroll abaixo de 150k = Risk Off. Sensação que o crescimento está estagnado. Juros americanos fecham, mas pode fica uma sensação ruim em torno do crescimento. O USD pode voltar a se enfraquecer.
Payroll entre 150k e 220k = Risk On. Juros americanos permanecem sem vol, com crescimento OK e inflação ainda baixa. Deveria favorecer os ativos de risco, EM e Carry.
Payroll acima de 220k = Trajetória recente de abertura de taxa de juros nos EUA pode voltar a pressionar ativos de risco, especialmente EM e Carry.

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