Reunião do BCE na Europa, BRL e Emprego nos EUA

Na expectativa da decisão do BCE as 8h45 na Europa, os ativos de risco operam com viés mais positivo hoje pela manhã, após um bom desempenho das bolsas da China ao longo da noite. Acredito que, caso o BCE seja agressivo o suficiente para atender as expectativas do mercado, ele pode acabar conseguindo dar algum suporte aos ativos de risco no curto-prazo. Por outro lado, caso Draghi e Cia. decepcionem as expectativas, já bastante elevadas, pode acabar levando o mercado a focar novamente no cenário americano, e no processo de normalização monetária por parte do Fed, que se constitui em um “vento contrário” aos ativos de risco. No Brasil, destaque para a Ata do Copom as 8h30.

Europa – O foco do mercado estará voltado para a decisão do BCE as 8h45 e para a conferência de Draghi as 9h30. O mercado já espera uma queda horizontal das taxas de juros. Medidas de liquidez também são, de certa forma, esperadas. A adoção de um QE mais amplo e agressivo seria uma surpresa positiva para os mercados financeiros globais. A abrangência das medidas que serão anunciadas, aliadas a agressividade do discurso do BCE, serão fundamentais para a dinâmica de todos os ativos de risco no curto-prazo. Na agenda macro do dia, observamos as vendas no varejo de abril na Área do Euro apresentarem alta de 0.4% MoM e 2.4% YoY, acima das expectativas do mercado, mas após revisões baixistas do mês anterior. Assim, o número pode ser classificado como levemente positivo. Na Alemanha, o Factory Orders, também de abril, apresentou forte alta de 3.1% MoM e 6.3% YoY. A despeito de acima das expectativas, o número apenas reverte as perdas de 2.8% MoM verificadas no mês anterior.

Brasil – O BC se mostrou claramente incomodado com o movimento recente do BRL que, diga-se de passagem, apenas seguiu o humor global em relação ao USD, com seus pares, como TRY e ZAR, apresentando depreciações similares. Além de ter elevado a rolagem dos swaps vincendo na terça-feira, o BC anunciou uma medida cosmética na manhã de quarta, retirando a incidência de IOF sobre a captação de dívida externa superior a 6 meses, imposto que vigorava para captações abaixo de 1 ano. A medida não deve trazer grandes alterações para a dinâmica da moeda no curto-prazo, mas mostra um claro desconforto do BC com relação a depreciação recente da moeda, e uma explicita preocupação com o cenário externo. Como tenho insistido, as contas externa do Brasil apresentaram piora não desprezível nos últimos meses, com decepções na balança comercial e na conta corrente, que vinham sendo, até o momento, amplamente financiadas pelos fluxos especulativos para renda fixa e renda variável. Qualquer mudança do cenário externo, como a leve alta das taxas de juros nos EUA verifica nos últimos dias, pode trazer efeitos colaterais relevantes para o câmbio no Brasil. Um exemplo disso é o movimento de alta das taxas de juros nos EUA nos últimos dias, que levou a rápida e acentuada depreciação da moeda local. Na agenda do dia, destaque absoluto para a Ata do Copom. Como o BC manteve a Selic estável na ultima reunião, é de se esperar que a Ata explicite um ambiente mais desafiador para o crescimento, com a inflação dando sinais menos negativos. Contudo, tendo a acreditar que a adição do termo “neste momento” no comunicado após a reunião refere-se a possibilidade de novas altas de juros caso o cenário prospectivo de inflação não convirja para as expectativas do BC.

EUA – O ADP Employment, último e principal indicador antecedente para o Payroll desta sexta-feira, apresentou alta de 179k, abaixo das expectativas de 210k, mas consistente com a continuidade do processo de recuperação do mercado de trabalho. O ISM Non-Manufacturing, importante indicador da indústria de serviços, apresentou mais um mês de alta, com seus principais sub-índices mostrando avanços animadores. Em suma, os dados recentes vem confirmando o excelente momento da economia americana, o que dará conforto ao Fed em continuar com seu processo de normalização monetária. A agenda do dia traz o Jobless Claims como destaque.


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