FOMC

A espera da decisão do FOMC as 15h00, os ativos de risco operam com pouca movimentação e sem tendência definida essa manhã. Após a supresa altista do Core CPI nos EUA ontem, o terceiro mês consecutivo de números mais firmes de inflação, após uma rodada mais consistente de dados de atividade econômica e emprego mais fortes, acredito que será bastante difícil o Fed passar uma mensagem ainda mais dovish do que aquela precificada pelo mercado. Não acredito que seja o caso do FOMC adotar sinalização parecida com aquela tomada pelo BoE na Inglaterra na semana passada, mas  tendo a acreditar que o viés é entre uma neutralidade em seu discurso, para levemente mais hawkish. Na minha visão, o pano de fundo de mercado está se alinhando para um processo de alta nas taxas de juros dos EUA, que deveria dar suporte ao USD no mundo, e tornar o ambiente mais desafiador para os ativos de risco, carry e EM.

EUA – A reunião do FOMC desta quarta-feira será uma das mais importantes, e menos consensuais, dos últimos tempos. Não pela decisão em si, onde a redução do QE em mais US$10B é quase que uma certeza, mas pela sinalização que será adotada pelo Comitê na atualização de suas previsões, assim como a postura que será tomada por Yellen em sua entrevista coletiva. Algumas questões parecem certas, como a atualização do crescimento de 2014 para baixo, uma trajetória mais rápida de aceleração da inflação, e uma trajetória mais rápida de queda na taxa de desemprego. Contudo, todas essas 3 atualização serão simplesmente um reconhecimento dos números recentes. As dúvidas que restam, no entanto, ficam por conta de quanto o menor crescimento do começo de 2014 irá afetar as previsões de crescimento para 2015 e 2016, em que medida os “dots” (previsão de taxa de juros de cada membro do FOMC) irão se mover (e se irão se mover), além de o quanto o debate em torno do menor nível estrutural de equilíbrio da taxa de juros irá fazer pressão baixistas nos “dots” de longo-prazo do Comitê. A reunião dessa semana tem potencial de determinar a dinâmica dos ativos de risco no curto-prazo, tanto no caso de um Fed mais dovish, como no caso de um Fed mais hawkish, já que não vejo um consenso em nenhuma direção por parte do mercado. Assim, a leitura dessas sinalizações será fundamental para se posicionar para os dias e semanas subsequentes a reunião. Tenho um viés em acreditar que a precificação do mercado ainda está muito leniente (leia-se dovish) vis-à-vis os números recentes, especialmente após o Core CPI divulgado ontem. Não acho que seja do feitio deste Fed surpreender o mercado com uma comunicação que vá mudar substancialmente o status-quo de gradualismo em torno do processo de normalização monetária. Todavia, o mercado precisa “cair na real” que os juros não ficarão onde estão para sempre, e o Fed será cada vez mais “data dependent”. Assim, qualquer reconhecimento da melhora do mix crescimento+emprego+inflação pode acabar fazendo um movimento desproporcional de curto-prazo nos mercados.

China – O número de preço dos imóveis mostrou, em maio, novos sinais de fadiga do setor no país. Das 70 cidades da pesquisa, apenas 15 apresentaram alta de preços, o menor número desde maio de 2012. Em Shangai, a queda foi de 0.3% MoM, a maior queda em dois anos. A situação do setor imobiliário na China parece cada vez mais preocupante, o que tem evitado uma melhora mais permanente dos ativos que dependem da demanda chinesa. Por hora, as medidas de suporte ao crescimento colocadas em pratica pelo Governo nos últimos meses deve ajudar a dar suporte a economia, e evitar uma espiral mais negativa de crescimento, o que pode conter o humor do mercado em relação ao país. Contudo, o cenário de longo-prazo segue extremamente desafiador, e demanda cuidados cada vez maiores por parte dos investidores.


Brasil – A agenda do dia terá o IPCA-15 como grande destaque. Na ausência de notícias locais relevantes, os ativos brasileiros vem passando por um período de realização de lucros, ajudados pela piora do humor global a risco em relação aos ativos EM. Espero que está tendência continue no curto-prazo, com a reunião do FOMC de hoje, nos EUA, sendo determinante para o desempenho dos ativos locais. No final da semana, teremos mais uma pesquisa Ibope, que pode acabar trazendo algum impacto mais localizado aos ativos do país.

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