Eleição no Brasil, Fed e Crescimento na China
A despeito de um desempenho
relativamente positivo na Ásia (parece estar havendo uma rotação das bolsas dos
países desenvolvidos para as bolsas dos países emergentes), os ativos de risco
estão operando com tom mais negativo essa manhã, com leve viés de “Risk-Off”.
As bolsas da Europa e dos EUA estão operando em queda, o USD está mais forte,
especialmente contra TRY e ZAR, e as commodities metálicas continuam sobre
pressão. As taxas de juros nos EUA, contudo, vem se mantendo em patamar mais
elevado, o que parece ser um dos principais motivos para os movimentos
verificados nos demais ativos de risco.
Como comentei ontem, “a
continuidade de um movimento gradual de abertura de taxa de juros nos EUA está
sendo acompanhando por um fortalecimento do USD. Em conjunto, estes movimentos
me levam a crer que o efeito das medidas do Banco Central Europeu na semana
passada, para os ativos fora da Europa, já fizeram o preço que tinha que ser
feito. De agora em diante, o movimento das taxas de
juros nos EUA deverá voltar a ditar a dinâmica de mercado. Continuo trabalhando
com um cenário de abertura gradual das taxas de juros americanas, o que deve
favorecer o fortalecimento do USD e tornar o ambiente um pouco mais desafiador
aos ativos EM e High Yields. A velocidade da abertura de taxas é importante
para medir o quão acentuado será os movimentos nos demais mercados.
Uma abertura de taxas rápida e acentuada pode, inclusive, levar a uma correção
nas bolsas americanas, e gerar um movimento de “Risk-Off” mais generalizado.
Movimentos mais graduais de abertura, podem favorecer o USD e o US Yields, mas
não necessariamente serão negativos para as bolsas globais e para todos os
mercados emergentes.”
O Brasil vive um mundo a parte, em que
as pesquisas eleitorais, pelo menos ao longo dessa semana, quem ditarão o humor
dos mercados locais. O BRL, além do cenário eleitoral, convive com um Banco
Central ainda bastante ativo no mercado de câmbio, o que está ajudando na
manutenção de uma performance relativa melhor dele em relação a seus pares.
Brasil - A pesquisa Ibope para presidente, divulgada no final da tarde
de hoje, mostrou uma nova queda das intensões de voto para Dilma, em detrimento
ao avanço da oposição. O Ibope ratifica a tendência verificada na pesquisa
Datafolha divulgada na semana passada, dando novo ímpeto a corrida eleitoral.
No cenário mais provável, Dilma caiu de 40% para 38%, com Aécio Neves subindo
de 20% para 22%, e Eduardo Campos saindo de 11% para 13%. Neste ambiente, o
segundo turno é praticamente certo. Além da pesquisa base ser positiva para as
perspectivas de mudança política no país, a análise qualitativa da pesquisa
também mostra sinais encorajadores. A rejeição de Dilma mostrou nova alta,
atingindo um pico recente e a maior entre os candidatos, enquanto a
rejeição de Áecio apresentou queda. A confirmação dessas tendências mostra que
existe amplo espaço para transferência de votos brancos e nulos para
a oposição. A avaliação positiva do governo Dilma caiu de 35% para 31%, e já é
menor do que a avaliação negativa. No segundo turno, a diferença de Dilma para
Áecio caiu de 19% para 9%, enquanto para Campos caiu de 20% para 11%. Em suma,
a pesquisa aponta para uma probabilidade real e crescente de mudanças políticas
no país. Este pano de fundo deve continuar a dar suporte ao ativos locais,
leia-se, alta na bolsa, fechamento da parte longa da curva de juros e suporte
ao BRL. Na bolsa, papéis como Petrobrás e Banco do Brasil devem ser os mais
reativos a notícia.
EUA – O Small Business Confidence e o JOLTs Job Opening divulgados
ontem mostraram um cenário de solidez da economia, em linha com os demais
indicadores de emprego, confiança e atividade divulgados ao longo das últimas
semanas. A agenda agora terá as vendas no varejo, amanhã, como destaque e,
depois, apenas a reunião do FOMC na semana que vem como grande foco do mercado.
Tenho o viés de acreditar que, no mínimo, o Fed terá que ajustar parte de seu
discurso no tocante a economia, adotando um tom mais positivo com relação ao crescimento
e ao emprego. Com uma probabilidade menor, mas não desprezível, podemos
ter alguma sinalização mais concreta em relação ao encerramento do QE e as
próximas medidas de normalização monetária.
China – As evidencias
de crescimento no país ainda são negativas. Segundo o Morgan Stanley: Weak data from China. Housing inventory in China’s 35 biggest cities rose
2.7%M to a record high in May. China’s auto sales fell 4.6%M in May to 1.91
million units, said the China Association of Automobile Manufacturers, compared
with April’s 7.6%M decline. The FinMin said fiscal revenue rose 7.2%Y to
CNY1.37 trillion in May, slowing from +9.2% in April.
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