FOMC

Passada a reunião do FOMC, e uma primeira reação do mercado, acho válido fazermos uma breve análise de seu resultado, e seus potencias impactos para nos ativos de risco.


FOMC:

1 - Em relação aos ajustes no comunicado, o Fed optou por fazer o mínimo de alterações possíveis, mantendo o comunicado praticamente inalterado. Se quisesse, poderia adotar um tom mais positivo/hawkish, mas optou pela cautela;
2 – O FOMC promoveu mudanças apenas marginais em suas previsões de taxa de desemprego e inflação para 2014, 2015 e 2016, em mais um sinal de cautela. Se no curto-prazo essas revisões marginais mostram um Comitê dovish ,e ainda desacreditado na recuperação, por outro lado, pode abrir espaço, em um futuro próximo, para novas surpresas de cenário, caso o emprego continue melhorando e a inflação subindo (vide os últimos acontecimentos na Inglaterra);
3 – A atualização do crescimento de 2014 para baixo foi apenas para adicionar as informações de um primeiro semestre fraco, especialmente devido ao primeiro trimestre do ano. O que era amplamente esperado;
4 – As perspectivas de juros (“dots”) para 2015 e 2016 foram elevadas, mas os juros de longo-prazo foram reduzidos. O Fed claramente tentou passar uma mensagem parecida com aquela transmitida pelo BoE semana passada, ou seja, o ciclo de ajuste de juros será gradual, seu destino final será abaixo daquele verificado no passado, contudo, para manter o processo gradual, as altas de juros podem ser antecipadas. Além disso, o Fed não é “cego” perante aos números econômicos. Avanços no seu mandato de emprego/inflação estão sendo levados em conta na sua função de reação. Tanto isso é verdade que, os “dots” de 2015 e 2016 voltaram a ser elevados.


Mercados:

Eu achei a reação dos mercados particularmente exageradas hoje, mas entendo que havia uma expectativa crescente em torno de uma possível mudança de postura por parte de Yellen e Cia. após os últimos números econômicos. Ao contrário, o Fed permaneceu extremamente dovish, e sem nenhum sinal de mudança de discurso. Todavia, acho que a mensagem do item (4) acima foi clara, e não pode ser ignorada pelos investidores por muito tempo. Acredito que a parte curta da curva de juros americana precisa sofrer um ajuste entre 25-40bps, apenas para se igualar as perspectivas do Fed, mas pode sofrer um ajuste ainda mais acentuado, caso a curva comece a ter algum prêmio de risco, natural em processos de alta de juros. Isso não precisa ser necessariamente negativo para os demais ativos de risco, já que a velocidade deste ajuste importa para os demais mercados. O Fed está buscando fazer este ajuste de maneira a gerar o menor ruído possível. Espero que, a partir de agora, apenas o acumulo de dados positivos será capaz de fazer este ajuste na curva de juros, mas, na ausência de mudança de discurso por parte do FOMC, tende a ser um processo de alta de juros de mercado gradual. Assim, o USD só se fortalecera em casos específicos, onde o diferencial de juros favoreça o USD, ou onde os fundamentos se mostram muito negativos. Os ativos de carry não necessariamente precisam sofrer neste ambiente, mas tendem a ter um upside menor e um risco/retorno que piora a cada novo dia. Para as bolsas globais, o cenário tende a continuar positivo, exceto por riscos pontuais como Iraque. Na eventualidade dos números econômicos apresentarem-se extremamente fortes nas próximas semanas, todo este processo pode ser acelerado e acentuado, trazendo volatilidade e uma mudança de dinâmica por parte dos mercados. Este cenário, no entanto, é um cenário alternativo, com probabilidade mais baixa. O cenário base, neste momento, é de que o acumulo de números positivos faça um ajuste gradual na curva curta de juros nos EUA, fazendo com que o processo seja gradual e positivo para os demais mercados.

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