Relatório Semanal de Asset Allocation:

Brasil – Copom: O BCB anunciou um corte de 100bps na Taxa Selic, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão sinalizou um processo gradual de queda da Taxa Selic de agora em diante, dado que já estamos em um estágio avançado deste ciclo de queda de juros. Mantidas as condições atuais, o cenário base parece ser de cortes de 75bps e 50bps nas próximas duas reuniões do Copom, com a possibilidade de algum corte adicional de 25bps após isso.

Brasil – Inflação: Os dados de inflação continuam surpreendendo o mercado positivamente. O IPCA de agosto apresentou alta de 0,19% m/m e 2,46% no acumulado em 12 meses, com o qualitativo bom. O número levou o mercado a mais uma rodada de revisões baixistas para a inflação deste e do próximo ano.

Brasil – Político: Em depoimento ao juiz Sergio Moro, Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, acusado pelo MPF e atualmente preso, confessou que teria agido de maneira não republicana em diversos episódios que, supostamente, envolveriam o ex-presidente Lula e demais membros do PT. O depoimento de Palocci deve ser visto como mais um enorme obstáculo para o PT e deveria enfraquecer ainda mais o partido e as pretensões políticas do ex-presidente Lula. Este cenário reforça o otimismo dos mercados financeiros locais.

Europa – O ECB manteve sua política monetária inalterada. Draghi sinalizou que o processo de revisão do QE está em curso, mas uma decisão definitiva deverá ser tomada em outubro. A despeito dos comentários sobre a apreciação recente do EUR, o ECB não colocou um peso grande sobre isso, o que favoreceu mais uma rodada de alta da moeda.

EUA – Os dados de atividade econômica continuam apontando para um crescimento sólido da economia. A inflação ainda não mostrou sinais consistentes de aceleração, mas a agenda da semana trará importantes dados nesta frente.

Em relação aos furacões que atingiram os EUA nas últimas semanas, são sem dúvida alguma uma enorme tragédia humanitária. Em termos econômicos, os furacões devem afetar negativamente a atividade no curto-prazo e provavelmente elevar a inflação. No médio e longo-prazo, contudo, os esforços de reconstrução deverão dar sustentação à atividade econômica e ao crescimento. Possivelmente, os esforços de reconstrução das áreas atingidas podem ajudar o Congresso a chegar a algum consenso do ponto de vista fiscal, liberando recursos e tornando a agenda política mais fluida.

China – O país anunciou a retirada de algumas restrições no mercado de câmbio. As medidas retiradas nos últimos dias foram impostas no período em que a moeda do país estava sendo pressionada por um fluxo de saída de recursos e por uma forte depreciação da moeda. Nos últimos meses, observamos uma tendência consistente e relativamente forte de depreciação da moeda do país. O anúncio dos últimos dias deve ser lido como um movimento visando frear a rápida e acentuada apreciação da moeda do país. Ainda parece cedo para determinar uma mudança de tendência, mas alguma acomodação da moeda nos atuais níveis deverá ser observada. Não vemos as medidas como uma mudança definitiva de cenário para o país.

Alocação/Estratégia:

Neste ambiente, acreditamos que a parte curta da curva de juros ficará bem ancorada, mas já não apresenta um risco/retorno favorável para ganhos de capital. A partir de agora, deveremos ver um movimento mais claro de flattening. Vemos duas oportunidades aqui. Uma, a retirada dos prêmios excessivos de alta de juros a partir de 2018, com a manutenção de uma Taxa Selic mais baixa por um tempo mais prolongado. Isso favoreceria a parte intermediária da curva. Acreditamos que este será um processo gradual. Ao mesmo tempo, acreditamos que haja espaço para a redução dos prêmios de risco da parte mais longa da curva, em meio a um cenário cíclico mais positivo, ao avanço de importantes reformas estruturantes, e a um cenário político cujos riscos de cauda têm sido reduzidos. A NTNB 2050, por exemplo, parece ter “ficado para trás” em termos de desempenho se comparada ao movimento recente dos juros curtos, do Ibovespa e do próprio BRL.

O cenário político local mostra uma redução dos “riscos de cauda”, com os últimos eventos envolvendo os delatores da JBS e, agora, novas acusações sobre Lula, um membro de seu círculo íntimo. Com um cenário externo construtivo, uma recuperação cíclica da economia brasileira, o ambiente se mostra bastante propício para a apreciação dos ativos locais. A aproximação do fim do ciclo de corte da Taxa Selic deverá favorecer o Ibovespa, o BRL e parte mais longa curva de juros em detrimento às posições em juros mais curtos e NTNBs, que vinham sendo a maior alocação de risco do mercado até recentemente.

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