Reflation!?

A terça-feira foi praticamente sem novidades para o cenário local. O BRL apresentou depreciação em linha com a média de seus pares, a curva de juros teve um dia de desempenho levemente positivo, assim como o Ibovespa.

No curto-prazo, acredito que os ativos locais devem continuar com uma correlação maior com os ativos externos, exceto por novidades relevantes no front local. O cenário político é fluído, mas merece atenção. O cenário econômico me parece estável e confortavelmente construtivo, e só sofrerá alteração na eventualidade de algum choque inesperado.

Em relação a posição técnica, ainda vejo um processo estrutural de alocação para os ativos locais, especialmente para a bolsa, mas também para a parte longa da curva de juros. Ainda existe espaço, em várias classes de investidores, para este aumento de exposição. Contudo, após uma segunda-feira de piora não muito acentuada dos ativos locais, vimos uma piora não desprezível das cotas dos fundos locais. Isso mostra que a posição técnica do “fast money” local já não é tão “leve” como anteriormente, o que requer alguma atenção.

Mantenho uma posição comprada em ativos locais, administrando tamanho e instrumentos. Continuo favorecendo a parte intermediária da curva nominal de juros e a parte longa da curva de NTNB. Gosto de alguns plays na bolsa. Tenho menos convicções no câmbio, onde vejo um mercado de “ranges”. Neste momento, estou com posições mais reduzidas e aproveitando realizações para elevar as alocações.

No cenário externo, continuo vendo o cenário político como importante driver de curto-prazo. No cenário econômico, ainda vejo um bom desempenho da economia global. A inflação mostra sinais incipientes de recuperação (elevação) gradual, até mesmo nos EUA. Neste ambiente, membros do Fed têm mantido um tom considerado mais “hawkish” do que as expectativas, ou do que está precificado no mercado. Hoje ouvimos de Yellen, e de outros membros do Fed, uma mensagem de continuidade do processo de normalização monetária. A mensagem foi muito parecida com aquela emitida após a última reunião do FOMC, mas talvez em dissonância com os preços de mercado. O dólar vem reagindo de forma positiva aos desenvolvimentos nos EUA, mas ainda parece haver algum tipo de atraso na reação do mercado de juros.

As volatilidades implícitas do mercado de juros e bolsa nos EUA continuam nos pisos deste ciclo econômico e, até mesmo, nos pisos históricos, a despeito da elevação das vols de câmbio (vide gráfico). Vejo um excelente risco retorno para se posicionar na ponta tomada da curva de juros dos EUA via opções, com hedge nas opções dos índices de bolsa.

A Reforma do Sistema de Saúde dos EUA foi praticamente abandonada. Novos capítulos desta novela precisarão ser escritos. Agora, a administração Trump busca aliados no partido Democrata para dar andamento na agenda de reformas, especialmente a Reforma Tributária.


O Consumer Confidence de setembro caiu de 122,9 para 119,8 pontos, levemente abaixo das expectativas, mas em patamar ainda robusto e positivo, mesmo com quedas relevantes no Texas e na Florida, regiões muito atingidas pelos desastras naturais recentes.

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