Coréia do Norte: Oops, I Did It Again...

O destaque do final de semana ficou por conta da constatação e mais um teste balístico militar por parte da Coréia do Norte. Desta vez, contudo, o teste foi classificado como “bem sucedido”. Os lançamentos teriam testado artefatos nucleares, ou uma possível bomba de hidrogênio, que teria causado um terremoto de cerca de 6,3-6,4 graus na mesma região que outros testes nucleares teriam sido conduzidos no passado. O teste deste domingo foi classificado como o mais poderoso realizado pela Coréia do Norte até o presente momento e seria mais uma confirmação dos imensos avanços atingidos pelo país em seu programa nuclear.

A comunidade internacional foi rápida em condenar os testes. O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para um reunião nesta segunda-feira. Por ora, a comunidade internacional ainda busca uma saída diplomática para a situação e os EUA é o único país que fala abertamente em uma possível solução militar para o caso.

Reforço aqui o que tenho escrito neste fórum nas últimas semanas: O lançamento dos mísseis ocorre após uma semana de recuo na retórica entre a Coréia do Norte e os EUA. O evento deve ser visto como uma clara provocação da Coreia do Norte após as últimas declarações de Trump. Agora, ficamos diante de uma situação bastante incerta e delicada. Caso não reaja militarmente, e insista em ações preventivas por meios econômicos e diplomáticos, Trump irá começar a perder credibilidade. Assim, crescem as chances da Coreia do Norte insistir em seu programa nuclear e em suas provocações militares aos seus vizinhos mais alinhados com o ocidente. Caso Trump decida reagir de forma mais agressiva, militarmente, poderemos entrar em um ambiente muito mais hostil e incerto.

Os ativos de risco tem mostrado uma capacidade bastante firme em ignorar este tipo de ruído. Acredito que poderemos ter uma reação negativa de curto-prazo, mas uma mudança de trajetória dos mercados só ocorrerá caso um conflito militar mais abrangente seja concretizado. Caso contrário, qualquer realização de curto-prazo será vista como oportunidade de novas alocações em ativos de risco.

 Acredito, contudo, que o mercado embute um risco excessivamente baixo de ocorrência de um evento como esses, dado a magnitude dos movimentos caso eles ocorram. Assim, me parece relativamente barato estruturar hedges nesta direção. As bolsas globais estão no highs recentes (e em alguns casos históricos), as volatilidades implícitas voltaram para níveis historicamente baixos e etc. Reforço aqui que o cenário base ainda é construtivo para a economia global. A probabilidade de ocorrência de um evento negativo no mundo se elevou, mas ainda é baixa, contudo os níveis de preço tornam a estruturação de hedges uma maneira barata de proteger os portfólios.

Um último comentário sobre este tema: Raramente situações como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço.

No Brasil, ao contrário do que se temia, a fluxo de notícias foi relativamente esvaziado. Não houve “fato novo” no âmbito político. Pelo menos por ora, não há informações novas concretas em torno de novas delações premiadas, ou em relação a eventual nova denuncia contra o Presidente Michel Temer, que venha a alterar o quadro político local de maneira derradeira.

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