Ruídos podem trazer acomodação dos ativos de risco.

Ainda estou me inteirando sobre o cenário econômico e político, local e global, dos últimos dias. Por ora, mantenho o que escrevi aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/update.html

Europa/Alemanha - Deixei de comentar no domingo a noite (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/eua-e-espanha-em-foco.html) sobre as eleições na Alemanha. A despeito da esperada vitória de Angela Merkel, seu partido ficou aquém do esperado nas eleições. Assim, o evento pode ser classificado como uma “vitoriosa derrotada” para Merkel. Uma “grande coalizão” provavelmente não poderá ser realizada. A busca por apoio político poderá deixar o cenário político alemão um pouco mais conturbado no curto-prazo.

Acredito que este tipo de evento, na maneira como é estruturada a cadeia política da Alemanha (e de muitos países europeus), trazem ruídos de curto-prazo, mas dificilmente alteram a dinâmica econômica. Já vimos processos parecidos inúmeras vezes na Itália e em outros países da região.

Coréia do Norte - A retórica entre a Coréia do Norte e os EUA continua bastante belicosa. Na manhã de hoje, os coreanos emitiram mensagens de que os EUA teriam efetivamente declarado uma guerra contra o país. Pela primeira vez desde a realização do último teste balístico da Coréia do Norte estamos vendo uma reação negativa dos ativos de risco. Reforço o que tenho escrito nos últimos dias. A probabilidade de um confronto direto é hoje muito maior do que no passado recente. Na maior parte das vezes, este tipo de “embate” verbal acaba sendo equacionado através da diplomacia. Contudo, estamos em novos tempos, com lideres, de ambos os lados, imprevisíveis.

Os ativos de risco devem continuar reagindo de maneira apenas moderada a notícias que se reservam apenas na base de ameaças. Contudo, qualquer confronto direto poderá trazer um efeito muito mais negativo nos ativos de risco. Com as volatilidades implícitas e realizadas de muitos mercados nos lows históricos, e o preço de muitos ativos de risco nos picos deste ciclo econômico, muito pouco de um confronto militar parece estar precificado.

Continuo gostando de posições tomadas na curva de juros dos EUA, mas acredito ser prudente a busca por hedges via compra de volatilidade.

Brasil – A pesquisa Focus desta semana trouxe mais uma onda de revisões baixistas para o IPCA (inflação) de 2017e 2018, e revisões altistas para o PIB.  O Focus está refletindo um pouco o próprio movimento de mercado das últimas semanas.

Continuo vendo um cenário estruturalmente construtivo para o país, mas alguns preços que parecem “esticados” momentaneamente. Realizações de lucros e/ou acomodações devem ser apenas moderadas, exceto na eventualidade de uma mudança repentina de cenário. Em linhas gerais, vejo o mercado “realizando de lado”, ou seja, com acomodações sendo mais prováveis do que realizações rápidas e acentuadas.

Gosto da tese de redução do prêmio de risco da parte intermediária da curva nominal de juros e da tese de juros estruturalmente mais baixos na parte longa da curva de NTN-B. Acredito que ambas as teses levarão algum tempo para se comprovarem, ou seja, vão ocorrer ao longo do tempo, e não de maneira repentina. Gosto da tese de valorização da bolsa local, muito baseado nos juros mais baixos, na recuperação da economia e na mudança estrutural do perfil dos investimentos (migração estrutural para esta classe de ativos), mas acredito que podemos ver alguma acomodação no curto-prazo. Tenho pouca convicção no mercado de câmbio. Ainda vejo o BRL operando em “bandas”.

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