Copom, Política Brasil & ECB.
Mercados – O dia foi marcado pela pressão baixista
no dólar ao redor do mundo, ajudado por mais uma rodada de pressão nos yields
das Treasuries. As commodities se favoreceram deste ambiente, enquanto as
bolsas apresentaram leve apreciação.
Não vejo
uma explicação boa para está pressão continua nos yields das Treasuries, em
meio a um cenário de crescimento robusto e de economia saudável, a despeito da
fraqueza da inflação, que aparenta ser uma questão global. Fico com uma certa “pulga
atrás da orelha” quando vejo um movimento de forte pressão sobre as taxas de
juros, fraqueza da moeda e alta dos metais preciosos. Me impressiona, neste
ambiente, a ausência de pressão sobre as bolsas dos EUA. Acredito que, em algum
momento, estes ativos precisarão encontrar um equilíbrio melhor, seja com as
bolsas apresentando alguma correção, ou com os demais ativos (yields e dólar)
apresentando algum ajuste a um cenário ainda em grande parte favorável de
crescimento.
Vimos
mais um dia positivo para os ativos emergentes, com os ETFs e as ADRs de Brasil
com desempenho positivo. Continuo vendo espaço para a rotação das bolsas
desenvolvidas para as bolsas emergentes, e o Brasil como um importante
favorecido deste processo.
Brasil – Copom: O BCB anunciou um corte de 100bps na
Taxa Selic, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão sinalizou
para um processo gradual de queda da Taxa Selic de agora em diante, já que
estamos em um estágio avançado deste ciclo de queda de juros. Mantidas as
condições atuais, o cenário base parece ser de cortes de 75bps e 50bps nas
próximas duas reuniões do Copom, com a possibilidade de algum corte adicional
de 25bps após isso.
Neste
ambiente, acredito que a parte curta da curva de juros ficará bem ancorada, mas
já não apresenta um risco/retorno favorável para ganhos de capital. A partir de
agora, deveremos ver um movimento mais claro de flattening da curva. Vejo duas
oportunidades aqui. Uma, a retirada dos prêmios excessivos de alta de juros a
partir de 2018, com a manutenção de uma Taxa Selic mais baixa por um tempo mais
prolongado. Isso favoreceria a parte intermediária da curva. Acredito que este
será um processo gradual. Ao mesmo tempo,vejo espaço para a redução dos prêmios
de risco da parte mais longa da curva, em meio um cenário cíclico mais positivo,
o avanço de importantes reformas estruturante, e um cenário político cujos os
riscos de cauda tem sido reduzidos. A NTNB 2050, por exemplo, parece ter “ficado
para trás” em termos de desempenho se comparada vis-à-vis o movimento recente
dos juros curtos, do Ibovespa e do próprio BRL.
Brasil – Político: Em depoimento ao juiz Sergio Moro,
Antonio Palocci, ex Ministro da Fazenda, acusado pelo MPF e atualmente preso,
confessou que teria agido de maneira não republicana em diversos episódios que,
supostamente, envolveria o ex presidente Lula e demais membros do PT. O
depoimento de Palocci deve ser visto como mais um enorme obstáculo para o PT e
deveria enfraquecer ainda mais o partido e as pretensões políticas do ex
Presidente Lula. Este cenário costuma ser visto como positivo pelos mercados
financeiros locais.
O cenário
político mostra redução dos riscos de cauda, com os últimos eventos envolvendo
os delatores da JBS e, agora, novas acusações sobre Lula, de um membro de seu
circulo íntimo. Com um cenário externo construtivo, uma recuperação cíclica da
economia, o ambiente se mostra bastante propício para a apreciação dos ativos
locais. A aproximação do fim do ciclo de corte da Taxa Selic deverá favorecer o
Ibovespa, o BRL e parte mais longa curva de juros em detrimento às posições em
juros mais curtos e NTNBs, que vinham sendo a maior alocação a risco do mercado
até recentemente.
Europa – O ECB manteve sua política monetária
inalterada. Draghi sinalizou que o processo de revisão do QE está em curso, mas
uma decisão definitiva deverá ser tomada em outubro. A despeito dos comentários
sobre a apreciação recente do EUR, o ECB não colocou um peso grande sobre isso,
o que favoreceu mais uma rodada de alta da moeda.
Nossa
área econômica resumiu a reunião da seguinte forma:
ECB manteve política inalterada, sem
anúncio de extensão do QE, nem alteração de forward guidance, como esperado por
grande parte do mercado.
è ECB manteve a necessidade
de grau substancial de acomodação monetária para que a inflação vá na direção
da meta. Em relação aos riscos para o crescimento, continuam ‘broadly balanced’.Entretanto,
adicionou como risco para baixo ‘developments
in foreign Exchange markets’. Além disso, destacou que no outono haverá
decisão sobre calibração dos instrumentos de política além do final do ano,
considerando a trajetória esperada da inflação e as condições financeiras
necessárias para a inflação retornar a meta. Draghi destacou que provavelmente
grande parte da decisão será feita em Outubro.
è Em relação às projeções,
apesar de revisões para baixo nas projeções de inflação, destacou no statement
perspectivas amplamente inalteradas para o crescimento e a inflação:
o Como esperado,
houve revisão para baixo das projeções de inflação de 10-20bps nos horizontes
mais longos de projeção. (Dentro do range dos diversos sell-sides que olhamos).
o Para o crescimento, houve
revisão para cima da projeção de crescimento para esse ano, porém manutenção da
projeção para horizontes mais longos. (A revisão desse ano estava acima do
range dos sell-sides).
Em relação a taxa de câmbio, destacou que a
volatilidade do Euro é uma fonte de incerteza e que pode ter implicações para a
estabilidade de preços. Além disso, adicionou os desenvolvimentos no mercado de
câmbio como risco para baixo para o crescimento. Destacou a importância do
câmbio para o crescimento e a inflação e que houve discussão das razões para a
apreciação da moeda, sem haver consenso sobre:
o Adicionou
no statement que ‘the recent
volatility in the Exchange rate representes a source of uncertainty which
requires monitoring with regard to its possible implications for the
medium-term outlook for price stability’
o Adicionou também os
desenvolvimentos no mercado de câmbio como um dos riscos para baixo na
perspectiva de crescimento: “On
the other hand, downside risks continue to exist, primarily relating to global
factors and developments in foreign exchange markets.”
o No Q&A:
§ Destacou que a taxa de câmbio não era
uma meta de policy, mas que era bastante importante para a perspectiva de médio
prazo para a inflação e crescimento. Assim, deveria levar isso em conta em
decisões futuras.
§ Na última reunião, houve preocupações
expressadas e as preocupações foram reiteradas por maior parte dos membros
nessa reunião.
§ Houve discussão sobre o movimento
recente da taxa de câmbio: quanto da apreciação é de fatores exógenos e quanto
é resultado natural das condições econômicas melhores na zona do Euro -
opiniões divergiram em relação a isso.
§ “Broad consensus” que recente
volatilidade representa fonte de incerteza.
è Não houve discussão sobre:
o Sequência: juros vai se manter
além do QE.
o Mudanças nos issue limits.
o Efeito de fluxo x estoque do QE.
o Não houve discussão de escassez.
è Discussão bastante preliminar de diversos
cenários.
o Extensão do programa, tamanho
dos fluxos.
o Pros e Cons dos diferentes
cenários.
o GC quer ver os trabalhos dos
comitês designados a trabalhar no assunto para ter informação completa.
è Condições financeiras ainda ‘broadly supportive’:
o “Financial conditions unquestionably
tightened, but remain broadly supportive for NFC and enterprises.”
è Data para decisão
– in the fall:
o “Probably the bulk of QE decisions will be
taken in October.”
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