EUA: Core PCE em Foco.

Desde quinta-feira, os ativos de risco operam sem movimentações relevantes. A agenda de hoje pode ser determinante para a dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais, com destaque para o Core PCE e para os indicadores de crescimento nos EUA. Ontem, os dados de Estoques e de Balança Comercial foram positivos, o que levou o mercado a revisar as expectativas de crescimento do 3Q deste ano para o país.

Acredito que os ativos de risco podem ter uma reação clássica, e simples, ao Core PCE, que será divulgado hoje as 9h30. Um número abaixo de 0,2% MoM pode trazer de volta o “Goldilocks” aos mercados; um número acima de 0,2% MoM deveria induzir uma aceleração do “Reflation”, com risco de se tornar “Risk-Off”, mesmo que momentaneamente. Um número de 0,2% MoM, pode manter um cenário de “Reflation”, mas com viés positivo, sem grandes rupturas.

No Brasil, o resultado fiscal divulgado ontem fiou muito acima das expectativas. Contudo, a melhora é explicada integralmente por fatores pontuais. As atenções de hoje estarão voltadas para a formação da ptax, com o BCB deixando vender cerca de US$4bi swaps cambiais.

Uma matéria hoje no Valor fala da estiagem e do risco de um choque de oferta na energia. Nossa área econômica vem alertando para este risco há algumas semanas. O problema parece grave e crescente, e ainda pouco precificado pelo mercado:

Estiagem provoca alta generalizada nos custos de energia
Por Camila Maia e Rodrigo Polito
O atraso do início do período úmido e o aumento das temperaturas devem levar a um aumento generalizado do custo de energia no país, mesmo sem haver risco de abastecimento. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve divulgar hoje o acionamento da bandeira tarifária vermelha, e há chances de que seja no patamar 2, com acréscimo de R$ 3,50 a cada 100 kilowatts-hora (KWh) consumidos. Se o cenário se confirmar, será a primeira vez que ela será acionada.
A falta de chuvas afeta também os consumidores de outra forma. Com os níveis dos reservatórios em baixa, as hidrelétricas são cada vez mais substituídas por outras fontes de energia, o que aumenta o déficit hídrico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). Ao mesmo tempo, o preço de energia no mercado à vista (PLD) tem se mantido no teto de R$ 533,82/MWh.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) prevê que o GSF custará R$ 40,8 bilhões ao país neste ano. A conta considera o PLD médio projetado para o ano - R$ 345/MWh - e o déficit hídrico médio de 30,1%. Desse montante, R$ 27,5 bilhões correspondem ao custo nos contratos do mercado regulado de energia (das distribuidoras), e R$ 13,3 bilhões ao dos contratos no mercado livre.
Parte do prejuízo do GSF vai para as empresas geradoras, que estão expostas ao mercado livre, ou precisam vender menos energia para se proteger. Outra parcela vai para os consumidores, que bancam o GSF de toda a energia em regime de cotas (custo que pode chegar a R$ 1 bilhão por mês) e também o dos geradores do mercado regulado que aderiram ao "seguro" criado pelo governo.
Projeções divulgadas ontem pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que as chuvas devem ficar em 79% da média histórica em outubro na região Sudeste. No Nordeste, a situação continua sendo mais grave, com previsão que as chuvas cheguem a 31% da média.


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