Update
Após um breve período de folga, é hora de voltar ao batente. Vejo o cenário dos últimos 10 dias da seguinte maneira. Feedbacks são muito bem vindos:
Mercados - Os preços dos ativos de risco, em geral, encontram-se nos picos deste ciclo econômico, ou nos picos históricos. A despeito destes níveis, a posição técnica, de forma geral, não parece totalmente comprometida. Podem haver situações de preços "esticados" no curto-prazo, mas o cenário base, e a dinâmica dos ativos de risco, sinalizam que o mais provável, na ausência de novidades relevantes, são realizações de lucro, ou movimentos de acomodação, apenas moderados. Apenas uma novidade muito surpreendente no cenário seria capaz de causar uma piora rápida e acentuada do humor global a risco.
Brasil - O Relatório de Inflação confirmou que as previsões do BCB pressupõe a continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, e sua manutenção em patamares baixos no horizonte relevante de tempo. A curva de juros, neste cenário, ainda apresenta prêmios de risco, mas as oportunidades de ganho de capital devem se concentrar na parte intermediária da curva, em busca de uma extensão do ciclo de queda dos juros e manutenção em patamares baixos.
O quadro politico segue com fluxo de notícias intenso mas, por ora, não vejo nada além de ruídos. A nova denuncia contra Temer está travando a pauta do Congresso, mas deve ser superada. Existe disposição em algumas alas do Congresso em dar continuidade a agenda econômica. Uma Reforma da Previdência ainda não é cenário base, mas alguma medida nesta direção pode ser colocada na agenda, o que seria positivo, por não estar precificado nos ativos locais.
Gosto de manter uma alocação "core" em ativos locais, administrando tamanhos e instrumentos. Gosto de algumas teses: Juros estruturalmente mais baixos, via NTNBs longíssimas e via a parte intermediária da curva nominal de juros. Recuperação da economia, através de compra de bolsa local. No cambio, prefiro adotar postura mais tática do que estrutural.
Já vejo alguns preços "esticados" momentaneamente, mas como escrevi no meio da semana, estamos no meio de um processo que parece estruturalmente positivo para o país e seus ativos. O processo de alocação deve ser longo e ainda parece apenas em seu estágio inicial. Assim, sempre será difícil determinar correções pontais. O quadro técnico não parece comprometido. Por isso, e outros, recomendo a busca por assimetrias e hedges, mas sempre mantendo uma posição estruturalmente a favor dos ativos do país.
EUA - O Fed mostrou que, a despeito das surpresas recentes na inflação, deve manter sua postura de normalização monetária. Os dados de crescimento continuam positivos e o mercado de trabalho robusto. O Governo Trump deu os primeiros sinais, mesmo que ainda incipientes, se avanço na agenda legislativa. Muito pouco deste processo está precificado nos mercados atualmente.
A dinâmica do mercado de juros nos EUA apresentou melhora visível e acredito que podemos estar diante do começo de um processo moderado de abertura de taxas de juros no país. Este processo não deveria causar ruptura estrutural nos demais mercados financeiros globais, apenas se a velocidade de abertura de taxas se tornar mais rápido e acentuado. Para isso, serão necessário números mais sólidos de inflação.
Continuo gostando de posições tomadas em juros nos EUA e de hedges via índices e opções de bolsas do país. Acho a assimetria razoável, especialmente com o VIX abaixo de 10%. Não tenho uma visão estrutural para o USD neste momento.
Coreia do Norte - A retórica do pais e dos EUA continua dura. Acho difícil que a Coreia interrompa seus testes balísticos e militares. Contudo, o mercado já provou que apenas um confronto militar direto será capaz de mudar a trajetória positiva dos ativos de risco. Acredito que este cenário hoje é muito mais provável que há alguns meses atras.
Europa - Dados de atividade continuam sólidos. Todos os olhos estão voltados a estratégia do ECB de agora em diante.
China - Após retirar algumas amarras do mercado de câmbio, vimos ma freada no processo de valorização do CNY/CNH. Os dados de atividade mostraram moderação, mas ainda não em magnitude que afete o humor dos investidores.
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