Política Global e Local em Foco.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Destaque apenas para uma leve elevação do dólar no mundo.

O pano de fundo econômico permanece relativamente inalterado e construtivo, mas o cenário político global apresenta alguns obstáculos de curto-prazo para a continuidade do bom desempenho dos ativos de risco. Ainda não vejo motivos claros para uma mudança de tendência, mas vejo argumentos para uma acomodação dos mercados financeiros globais no curto-prazo.

Entre os obstáculos que existem hoje no mercado, podemos citar a necessidade de negociação para uma coalizão política na Alemanha após as eleições, a disputa interna entre a Espanha e  Catalunha em torno do referendo da região separatista, e a dificuldade do Congresso dos EUA em dar andamento a pauta legislativa. Mais uma vez a proposta de Reforma do Sistema de Saúde parece ter sido preterida pela maioria do Senado.

No Brasil, a pauta do Congresso está “trancada” com a tramitação da segunda denuncia contra Michel Temer. Alguns partidos da base aliada, o chamado “Cetrão” estão fazendo uma jogada política em busca de maior poder de barganha. Esta situação acaba dificultando a agenda do Congresso e o avanço de medidas econômicas importantes para a economia.

De maneira geral, vejo este cenário como momentâneo. Acredito que o Governo tenho condições e capacidade política de gerenciar mais este obstáculo. De qualquer maneira, após o desempenho espetacular dos ativos locais nos últimos meses, não podemos descartar acomodação de curto-prazo. Na ausência de mudanças de cenário, vou olhar correções como oportunidade de alocar risco nos ativos locais, em especial na bolsa e parte intermediária da curva de juros nominais.

Segundo a mídia local, o Governo irá negociar o Refis com o Congresso em busca de votos contra a denuncia de Temer. Esta postura estaria em desacordo com a equipe econômica. Este tipo de artigo pode gerar ruído de curto-prazo, mas dificilmente alterará o cenário econômico estrutural.

Segundo o jornal O Globo:

Pressionado pela segunda denúncia da PGR, por organização criminosa e obstrução de Justiça, e diante da falta de disposição da base de dar quorum para a leitura da peça e sua tramitação, o presidente Michel Temer prepara a liberação de mais dinheiro para programas como o Refis e o Bolsa Família. Contra a vontade da equipe econômica, que desejava preservar a arrecadação prevista de R$ 13 bilhões no Refis, a Casa Civil acertou uma proposta mais flexível, alterando as regras de refinanciamento das dívidas das empresas.

Segundo o “Jornal Nacional”, a nova proposta contempla quatro pontos principais na renegociação das dívidas: para pagamento à vista, desconto de 90% nos juros, 70% nas multas e 25% nos encargos; para pagamentos em até 145 parcelas, desconto de 80% nos juros, 50% nas multas e 25% nos encargos; para pagamento em até 175 parcelas, descontos de 50% nos juros, 25% nas multas e 25% nos encargos. Quem tem dívida de até R$ 15 milhões pode dar entrada de 5% ao invés de 7,5% da proposta original. A medida agrada aliados, especialmente empresários. O prazo de adesão ao Refis termina sexta-feira. Temer deve anunciar ainda um programa complementar ao Bolsa Família, que inclui 3 milhões em microcrédito.

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