Risk-Off

Os mercados globais estão tendo uma manhã de Risk-Off acentuado e generalizado entre as classes de ativos. É o primeiro movimento desta magnitude e com este grau de correlação que observamos em vários meses. Uma vez mais, como no começo da semana, a pressão teve início na Europa e acabou se espalhando para os demais ativos de risco. Aparentes problemas no Grupo Espírito Santo, em Portuagl, levaram a suspensão das ações do Grupo, assim com uma forte queda no preço dos bonds da empresa. Este ambiente criou um humor mais negativo ai redor do mundo e está ajudando no movimento negativo desta manhã. Como comentei neste forum no começo da semana, acredito que uma realização de lucros seja normal e, até mesmo saudável, neste estágio do ciclo econômico e após o forte rally  verificado nos mercado nos últimos meses. Apesar de acreditar que não existam motivos para realizações mais acentuadas e permanentes, o nível de preços e volatilidade de algumas classes de ativos coloca um vetor de incerteza adicional no mercado. Assim, recomendo cautela neste momento, ou seja, posições mais neutras e, no geral, buscando temas mais específicos, até que tenhamos uma sensação melhor do tamanho de magnitude que este movimento de correção possa atingir.

Brasil - Os fundamentos devem ser deixados de lado no curto-prazo, com o cenário político dando as cartas, assim como o cenário externo. Como comentei aqui ontem, acredito que a derrota da seleção na Copa será positiva para a oposição e isto ficará claro nas próximas pesquisas eleitorais. Meu argumento é simples: se o governo tinha a intensão de usar o aparente sucesso da Copa como arma na campanha, acabou perdendo está "carta na manga" e, pior do que isso, a situação se virou contra Dilma e Cia e a favor da oposição. De agora em diante, a dura realidade econômica e de bem estar da população volta aos headlines da mídia, um cenário de crescimento pífio, inflação elevada e problemas estruturais no país. A agenda do dia é relativamente esvaizada.

China - As Exportações saíram de 7% YoY para 7.2% YoY em junho, com as Importações passando de -1.6% YoY para 5.5% YoY, ambos abaixo das expectativas de 10.4% YoY e 6% YoY, respectivamente. Os números mostram uma economia doméstica ainda fraca e uma recuperação da demanda global apenas moderada. Como tenho insistido nas última semanas, já existem sinais claros de estabilização da economia, mas não podemos esperar muito mais do que isso ao longo dos próximos meses. O crescimento deve se estabilizar em torno de 7%, mas este patamar hoje parece mais um teto de crescimento do que um piso, como foi no passado. Passado este período  de estabilização, devemos ver novos sinais de fraqueza da economia no final do ano. O mercado ainda precisa se acostumar com um menor crescimento estrutural do país.


EUA - As Minutas do FOMC foram neutras e não trouxeram grandes novidades ao cenário. O Comitê continua extremamente dividido em relação a real situação econômica do país, mas foi honesto em apontar para os sinais de recuperação do emprego, crescimento e inflação. Não acredito que haja motivos para o Fed alterar sua postura no curto-prazo, mas caso os números econômicos continuem na mesma tendência recente, não tenho dúvida de de que o Fed irá reagir a este novo ambiente e ajustar seu "plano de voo" no tocante a política monetária no país. Por hora, o gradualismo ainda é a política mais acertada. Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims.

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