Minutas do FOMC

As bolsas da Ásia tiveram uma noite de desempenho negativo, seguindo a forte pressão nas bolsas americanas e europeias nesta terça-feira. Hoje pela manhã, contudo, os ativos de risco se mostram mais estáveis, a espera das Minutas do FOMC nos EUA as 15h00. O único movimento que merece atenção é a abertura de taxa de juros na parte curta da curva de EUA (entre 2 e 4bps), que está ajudando um levíssimo movimento de USD forte. Na tarde de ontem, o começo da temporada de resultados corporativos trouxe o resultado da Alcoa, que foi bem recebido pelo mercado e acabou ajudando a estabilizar o humor das bolsas globais, após uma série de "warnings" na Europa.

As Minutas do FOMC, as 15h00, devem, no mínimo, fazer um "market-to-market" a nova realidade de crescimento e emprego no país, o que pode dar uma percepção mais positiva do Fed em relação a economia. E sempre difícil ver um Fed hawkish, especialmente após as últimas declarações de Yellen, mas o Comitê tem inistido que será "dependente dos dados". Se mantiveram sua palavra, como acredito que irão manter, precisam sinalizar para uma economia migrando, gradualmente, para o seu cenário, o que requer ajustes, mesmo que graduais, de sua política monetária. Isto não precisa ser necessariamente negativo para todos os ativos de risco, mas me parece inegável que alguns ajustes de preços e volatilidade, nos atuais níveis de mercado, precisam ocorrer.

Brasil - O Brasil perdeu a Copa de forma vexaminosa. O sucesso do evento, que até agora vinha sendo tido como potencial vetor de ajuda a campanha de Dilma, pode se tornar em um grande pesadelo. De maneira geral, acredito que o evento será esquecido dentro de 2 semanas e o que realmente importa é o atual estado da economia e do bem estar do cidadão comum. Os jornais, já a partir de hoje, estão congestionados da dura realidade da nossa economia. Inflação acima da meta, crescímento pífio, risco de recessão, desemprego em alta e por ai vai. Acho que, no final das contas, isto que irá determinar o destino das eleições presidenciais. Se Dilma for realmente entregar a taça ao campeão, tomará uma vaia tão histórica como a derrota de ontem. O Mineirão ontem já deu claros exemplos disso ainda no primeiro tempo, quando a derrota se transformou em indignação e vaias a Presidente. a próxima pesquisa eleitoral será feita pelo Ibope logo após a Copa e será de extrema relevância para o cenário de curto-prazo de Brasil. Continuo vendo a bolsa, especialmente ações como Petro e BB, como os principais beneficiários de uma potencial mudança política no país. Em segundo lugar ficaria os juros longos e, por último o BRL. a relação a inversa caso Dilma consiga vencer está batalha.

EUA - O JOLTS Job Openings divulgado ontem, mostrou forte alta em maio, atingindo o maior patamar desde 2006/2007, período de grande exuberância da economia americana. Sigo bastante otimista com relação ao crescimento do país nos próximos meses. Vejo um Fed sem pressa em dar continuidade a seu processo de normalização monetária. Convicto de que o QE acabará até outubro e o FOMC será dependente dos dados e realista no timing do processo e normalização monetária. Com o risco de parecer uma "vitrola quebrada", ainda acredito que a parte curta da curva de juros nos EUA precisa fazer um ajuste entre 30 e 50bps, que não necessariamente será seguida na mesma proporção pelos vértices mais longos. Este cenário, contudo, deveria dar suporte, gradualmente, ao USD no mundo.

China - O CPI de junho arrefeceu de 2.5% YoY para 2.3% YoY, abaixo das expectativas de 2.4% YoY. Já o PPI, saiu de 1.4% YoY para -1.1% YoY, também abaixo das expectativas de -1% YoY. Ambos os números apresentaram quedas na comparação MoM. A inflação é  menor dos problemas que existem hoje no país. Na verdade, a manutenção de baixos patamares de inflação deixa espaço para o governo e o PBoC manter uma postura mais expansionista, dando suporte ao crescimento do país. Acredito que novas medidas, pontuais e localizadas, podem ser colocadas em prática nos próximos meses, mas podemos esperar apenas um crescimento em torno de 7%-7.5% ao longo dos próximos anos. Não veremos mais crescimento muito superiores a este patamar no longo-prazo. Assim, o viés é ciclicamente positivo no curto-prazo, mas ainda bastante cauteloso no longo-prazo.

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