Copom & Funding na China

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom negativo, basicamente seguindo algumas notícias localizadas, que estão afetando o humor para as bolsas globais. Em primeiro lugar, tivemos uma pressão nas bolsas da China, com o ressurgimento de problemas no mercado interbancário (vide seção China abaixo). Em segundo lugar, temos uma pressão sobre as ativos da Rússia, após novas medidas terem sido anunciadas ontem por parte dos EUA para dificultar as transações financeiras de empresas ligadas ao governo russo, em mais uma rodada de "troca de farpas" devido ao pouco avanço diplomático atingido na Ucrânia até o momento. Finalmente, estamos vendo o aumento do debate em torno da necessidade de um processo, talvez mais acelerado, de normalização monetária nos EUA. Nenhum desses vetores é capaz de, sozinho, mudar a dinâmica dos mercados. Contudo, em um momento em que a posição técnica já se mostra menos positiva, com os prêmios de risco baixos (leia-se ,preços elevados e volatilidade baixa para os padrões históricos), podemos sim ter um período de consolidação de algumas classes de ativos de risco, que é exatamente o que vem ocorrendo desde a semana passada. Na agenda do dia, o destaque fica por conta de novos resultados corporativos nos EUA, assim como Housing Starts, Buildings Permits, Jobless Claims e Philly FEd. No Brasil estamos a espera da pesquisa Datafolha, assim como o CAGED será divulgado hoje.

Brasil - Como era amplamente esperado, o Copom manteve os juros estáveis em sua reunião. O que era menos consensual, contudo,  era a manutenção de um comunicado exatamente idêntico ao anterior. Após a decisão, os economistas de sell-side tiveram uma interpretação dovish da manutenção do termo "neste momento" no comunicado. Como a atividade econômica tem se mostra surpreendentemente fraca, e a inflação corrente mostra sinais de arrefecimento, o viés do mercado é de acreditar que o próximo passo de política monetária será um ciclo de queda de juros. Tendo a concordar com está interpretação, o que deveria manter a curva curta de juros local pressionada e, inclusive, começar um processo de precificação de quedas de juros em algum momento das próximas reuniões.

EUA - Os números de atividade continuam mostrando uma economia robusta. Ontem, até mesmo o NAHB Housing Index mostrou sólido avanço, o que mostra que o setor imobiliário, que vinha mostrando recuperação mais lenta que os demais setores da economia, já começa um processo mais consistente de recuperação. Dentro deste contexto, cresce o debate entre os membros do Fed em torno do timing para o início de um programa de alta de juros. É interessante notar que Yellen, em suas duas aparições no Congresso, voltou a citar os dots do FOMC, que mostram os juros começando a subir em 2015 e encerrando o ano em torno de 1%, como um bom meio de sentir como o Fed está pensando a este respeito. Este discurso é relevante pois, a alguns meses atrás, Yellen tentou se afastar destes dots, tentando retirar relevância deste instrumento. Como o mercado ainda se encontra excessivamente abaixo destas previsões do Fed, continuo gostando de posições tomadas na curva curta de juros nos EUA. A alta da parte curta da curva, contudo, não precisa ser necessariamente negativa para os demais ativos de risco.

China - O mercado interbancário voltou a chamar a atenção do mercado. Segundo a ML: Funding in China has been getting tight over the last few days; CNH overnight trading at +9 i.e. implied yield above 5%, 1y fwd paid up to 1165, Repo fixing up 11bps today & both the bond and swap curve bear flattened (see chart) . According to BofAML trading, this is coming about due to a no. of factors;
a) seasonal tax payments
b) the upcoming IPOs
c) concern around defaults
d) some impact from the better credit/loan data this week.


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