Pesquisa Ibope

A temporada de resultados corporativos nos EUA e na Europa vem mostrando lucros sólidos. Aliado a isto a inflação ainda contida nos EUA, mostrada pelo Core CPI divulgado ontem, estão ajudando a dar um suporte adicional aos ativos de risco, especialmente as bolsas globais. Além disso, o mercado tem apresentado uma capacidade ímpar em “passar por cima” de problmeas pontuais e localizados, como a crise na Rússia/Ucrânia, e o combate de Israel contra o Hamas. A agenda do dia será relativamente esvaziada, sem dados macro relevantes nos EUA e com destaque para a arrecadação federal no Brasil.

Brasil - A pesquisa Ibope mostrou um quadro semelhante aquele apresentado pela última pesquisa do instituto. Dilma lidera no primeiro e no segundo turno, com a diferença entre ela e Aécio no segundo turno caindo de 9% para 8%. A avaliação ótimo/bom de seu governo permanece perigosamente baixa, em 31%. Além disso, sua rejeição ainda é bastante elevada e não mostra sinais de arrefecimento. A pesquisa é sem dúvida menos negativa para o governo incumbente do que as pesquisas Sensus e Datafolha, mas ainda apresenta um número elevado de indecisos que, pelas outras pesquisas, tem migrado na fatia de 70% para a oposição. Os ativos locais podem mostrar alguma realização de lucros no curtíssimo-prazo, dado uma mensagem menos positiva para a oposição deste Ibope. Contudo, não espero movimentos bruscos ou mudanças de tendência, já que as eleições se mostram cada vez mais disputadas, em um ambiente em que os investidores ainda não me estão posicionados para uma possível mudança política no país.

EUA - A alta de 0,1% MoM no Core CPI de junho confirma que a inflação dos dois meses anteriores foram realmente o "noise"  que Yellen citou em seus discursos recentes. Neste ambiente de crescimento robusto mas inflação contida, não há pressa em acelerar o processo de normalização monetária. Contudo, os números de emprego podem ser determinante em uma possível mudança, mesmo que gradual, de postura do Fed. Assim, os dados de emprego de julho ganham importância dobrada.

China - Os ativos do país vem apresentando desempenho positivo nos últimos dias, a despeito das pressões no mercado interbancário. A perspectiva de um crescimento mais estável no curto-prazo, e a possibilidade de novas medidas de estímulo ao crescimento, vem dando suporte aos ativos que dependem da demanda chinesa. Este cenário pode se manter no curto-prazo, mas me parece a receita para decepções no longo-prazo. A China está recorrendo aos erros do passado, injetando mais crédito na economia, com o objetivo de estimular o crescimento. Este modelo já se mostrou errado e criará problemas ainda maiores para a economia no futuro. Assim, mantenho visão mais construtiva no curto-prazo, mas extremamente cautelosa estruturalmente.


Europa - Sem grandes novidades no cenário. O EUR deverá ser o foco de curto-prazo, já que vem mostrando um processo gradual de enfraquecimento.

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