Panorama da Semana

Exceto por ruídos geopolíticos pontuais e localizados, como a crise na Ucrânia e em Israel, que os mercados financeiros tem devidamente ignorado, o cenário econômico global tem se mantido relativamente estável, com algumas pequenas variações. Do ponto de vista de crescimento, após um primeiro semestre surpreendentemente fraco, o mundo começa a dar sinais mais positivos neste começo de segundo semestre, o que mantém as expectativas acessas para um crescimento relativamente saudável da economia mundial em torno de 3%. A grande surpresa da semana que passou ficou por conta de robustos PMI´s de julho na Europa e na China. No que diz respeito a inflação, o pano de fundo segue sendo de preços contidos no mundo desenvolvido, o que foi confirmado pelo Core CPI nos EUA, o que nos leva ao último vetor de relevância para os ativos de risco, que fica por conta da política monetária nos países desenvolvidos. Com crescimento saudável, porém sem gerar grandes pressões inflacionárias, os BC´s dos países desenvolvidos e da China podem se dar ao luxo de manter as condições monetárias ainda bastante expansionistas por um tempo prolongado, o que acaba determinando um ambiente ainda relativamente positivo ao redor do mundo. 

De qualquer maneira, a economia mundial está em evolução, e alguns vetores podem acabar modificando, mesmo que marginalmente, este panorama. A agenda da semana traz eventos relevantes, que podem acabar sendo determinantes neste contexto. Nos EUA, destaque para o PIB do 2Q, Jobless Claims, ADP Employment, FOMC e Payroll. No Brasil, destaque para  PIM de junho, onde o mercado espera uma expressiva queda em torno de 2%-2,5, além dos dados fiscais e de crédito. 

Brasil - Os investidores continuarão focados no cenário de crescimento/inflação para avaliar os próximos passos de política monetária do BCB, ao mesmo tempo em que a corrida eleitoral ganha força. Do ponto de vista de política monetária, ainda me parece existir uma janela positiva para o BCB, com a inflação corrente mais branda e novos sinais de crescimento pífio da economia. No tocante ao quadro político, não há novas pesquisas eleitorais agendadas, mas na ausência de uma campanha mais ampla de todos os candidatos, tendo a acreditar que, na ausência de fatos novos, as pesquisas devem se manter constantes até que o horário eleitoral comece de fato, e as campanhas ganhem corpo. 

EUA - A semana será extremamente relevante para o país, não apenas pela reunião do FOMC, como pela agenda macro que se aproxima. O crescimento do país mostra sinais de crescimento mais robusto, mas de toda forma ainda errático. O setor imobiliário, por exemplo, ainda se mostra frágil, e a inflação não dá sinais consistentes de aceleração. Contudo, o emprego mostra aceleração e ganho de momento, o que pode ser o primeiro sinal de pressões inflacionárias no futuro. Neste ambiente, o Fed pode se dar ao luxo de manter o gradualismo em suas ações e em seu discurso. Contudo, dados os baixos prêmios de risco no mercado, e a ausência de precificações de alta de juros mais contundente na curva, qualquer ajuste de discurso pode acabar causando ruídos pontuais aos ativos de risco. Espero que o FOMC mantenha sua postura, mas mudanças marginais em seu comunicado, alertando para a melhora do emprego ou, até mesmo, com uma decisão não consensual, podem acontecer.

China - A economia parece definitivamente ter se estabilizado em torno de 7%-7,5% de crescimento, mas as custas de novas medidas de suporte por parte do governo, e após uma nova rodada de injeção de crédito na economia. O cenário para o país é mais construtivo no curto-prazo, mas o panorama estrutural continua sendo extremamente desafiador. 

Europa - A inflação irá dominar a agenda da semana. O ECB parece confortavelmente esperando os efeitos das medidas colocadas em prática nos últimos meses. Caso não haja uma reação da economia, novas ações devem ser concretizadas. Me chama a atenção o movimento do EUR que, após um longo período de resiliência, mostra sinais de pressão.

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