Europa em Foco
Os ativos de risco estão ameaçando uma
tímida reação essa manhã, liderados por uma pequena alta das bolsas na Europa.
O news flow durante a noite foi esvaziado e o foco permanece nos
problemas financeiros do Grupo Espírito Santo, em Portugal. Acredito que o
problema deveria ser pontual e localizado, não gerando contágios mais amplos ou
realizações mais acentuadas. Contudo, o cenário requer cautela, simplesmente
pelo baixo prêmio de risco que existe nos mercados financeiros globais
atualmente, com os níveis de preço e volatilidade em patamares que não deixam
espaço para absorção de choques muito grandes. A melhora das bolsas da Europa hoje
pela manhã me parece bastante limitada frente a pressão que sofreu nos últimos
dias, o que me deixa de certa forma ainda mais cauteloso. A agenda do dia será
esvaziada, deixando o mercado focado em fluxos pontuais e na situação em
Portugal.
Em relação ao Brasil (mais comentários
abaixo) estou mais otimista do que nunca estive com a possibilidade de um
sucesso da oposição nas eleições. A Copa do Mundo já saiu quase que totalmente
da mídia e voltou a emperar notícias extremamente negativas para o governo, com
o crescimento pífio, a inflação elevada, a piora do emprego e etc. Acredito
que, finalizada a Copa, poderemos ter novas ondas de greves e protestos,
piorando ainda mais a situação de Dilma.
Brasil – A
divulgação da ABPO e da ABCR de junho confirmaram o que já era previsto, ou
seja, a prévia para a produção industrial de junho aponta para mais uma forte
queda no mês, algo superior a -2% MoM. Além disso, estamos observando uma
sazonalidade positiva para a inflação, com as coletas rodando nos níveis mais
baixos de alguns meses, em torno de 0.10%-0.20%. De qualquer
maneira, o cenário político, assim como o ambiente externo, tem sido mais
determinantes para os ativos locais do que os fundamentos econômicos
propriamente ditos. A bolsa, e ações como Petro e BB, continuam sendo os ativos
mais reativos ao cenário eleitoral. O BRL, por sua vez, tem seguido o humor
global a risco, com a curva de juros perfazendo um mix de política
monetária+crescimento+inflação+político. A curva curta me parece bem defendida no
atual cenário de crescimento pífio com inflação mais branda, mas a parte longa
da curva irá depender dos fluxos externos e do ambiente político.
EUA – O Initial
Jobless Claims voltou a cair para o nível de 300k, patamar bastante robusto e
consistente com um crescimento sólido do mercado de trabalho. O emprego não
mostra apenas sinas de solidez, como aparenta ganhar momento ao longo dos
últimos meses. Neste ambiente, alguns membros do Fed, como Bullard e George, já
ameaçam uma mudança de discurso, mas ainda não se mostram maioria para alterar
significativamente a postura e as sinalizações do comitê. Continuo acreditando
que o acumulo de dados econômicos positivos irá levar a uma reprecificação da
curva curta de juros nos EUA, o que, em algum momento, deveria dar suporte ao
USD no mundo. O gradualismo deve continuar sendo a regra, mas o processo
precisará ser cuidadosamente administrado pelo Fed.
Europa – A região mostrou
sinais de fragilidade nos últimos dias, com números de crescimento fracos,
“warnings” pre-resultados do setor corporativo e um risco iminente de default
em um grande conglomerado em Portugal. O problema parece contido e
administrável, mas sem dúvida traz a tona, novamente, as fragilidades da
região. Com o preço dos ativos em níveis aparentemente “esticados”, um quadro
técnico desfavorável e uma certa leniência do mercado, que pode ser confirmada
pelas baixas volatilidades dos ativos de risco, toda a cautela é necessária
neste momento. Fica difícil dizer até onde esta realização pode chegar, mas
tenho o viés de acreditar que, por hora, ela tende a ser pontual.
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