Resultados Corporativos e Crescimento em Foco

Os ativos de risco estão iniciando a terça-feira em tom mais negativo, pelos mesmos motivos que pressionaram os mercados em parte da semana passada, ou seja, com números econômicos mais negativos na Europa, e uma pressão sobre os ativos financeiros da região. O movimento está sendo liderado pelos problemas no Grupo Espirito Santo, em Portugal. Assim, estamos observando uma pressão sobre as bolsas da Europa, que estão afetando o humor para as demais bolsas globais. Este movimento, por sua vez, está colocando um bid no USD e nos bonds dos países desenvolvidos, enquanto as taxas nos EM e na periferia da Europa apresentam abertura de taxas. A agenda do dia será agitada, com Empire Manufacturing e Retail Sales nos EUA as 9h30, além de Yellen no Congresso as 11h00. A agenda de resultados tem JPM, Goldman, J&J, Yahoo e Intel como destaques. No Brasil, as atenções estão voltadas para a pesquisa Sensus, que deve ser anunciada hoje, e para a decisão do Copom amanhã.

Europa - O ZEW, na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança de toda a região, apresentou queda de 29,8 para 27,1 em julho, no indicador de expectativas, ficando abaixo das expectativas do mercado de 28,2 pontos. Além disso, o indicador de situação corrente saiu de 67,7 para 61,8 pontos, muito abaixo das expectativas de 67,4 pontos. Em Portugal, os papéis soberanos apresentam aberturas de taxa entre 5 e 10bps, seguindo uma nova rodada de pressão sobre os ativos do Grupo Espírito Santo. A região encontra-se hoje em situação delicada, já que o crescimento dá sinais cada vez mais claros de fragilidade, ao mesmo tempo em que o risco para a estabilidade financeira da região é questionado, com os problemas em Portugal. Por mais que o problema no BES seja pontual e localizado, como tenho insistido, a questão traz a tona, novamente, o debate em torno da viabilidade de todo sistema financeiro da Europa. Além disso, os baixos prêmios de risco do mercado deixam pouca margem de absorção de choques nos ativos de risco. Assim, mantenho minha visão mais cautelosa no curto-prazo, até que tenhamos uma melhor noção do tamanho do problema em Portugal, e do contágio em potencial ou, até que os prêmios de preço e volatilidade dos mercados se mostrem mais condizentes com a realidade atual.


China - Os agregados monetários e os dados de crédito de junho apresentaram forte alta, com o M2 saindo de 13,4% YoY para 14,7% YoY, muito acima das expectativas de 13,6% YoY, o New Yuan Loans avançando $1080B e o Aggregate Finanancing RMB subindo $1970B, ambos muito acima das expectativas. Se, no curto-prazo, este avanço é positivo, pois mostra uma aceleração nas concessões de crédito e um claro vetor de suporte ao crescimento, no longo-prazo, contudo, mostra uma economia viciada em crédito e uma dependência crescente de estímulos para manter um padrão cada vez menor de crescimento. Ao invés de manter uma postura de reformas, o governo está retomando um modelo de crescimento que parece fadigado e que dificilmente se sustentará no futuro. Assim, os números de hoje podem ser lidos como um novo sinal de que o crescimento de curto-prazo continuará mostrando estabilização. Contudo, aumenta ainda mais os riscos para a economia em um futuro não muito distante.

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