IPCA, Payroll e FX

Na sexta-feira tivemos mais um dia de desempenho ruim dos mercados locais, com dólar testando os 4,10, abertura de taxa de juros e queda da bolsa. Destaque para a continua pressão nas ações de Bancos e Financials.

Sigo acreditando que estamos diante de uma acomodação normal e natural do ciclo. Acredito que a seleção de gestores, ações e ativos, assim como posições táticas e proteções, serão ainda mais importantes nas rentabilidades deste ano.

No Brasil, IPCA de dezembro ficou acima do esperado, com alta de 1,15% MoM e 4,31% YoY, acima da meta central do BCB para 2019 e levemente acima das expectativas do mercado.

Parte relevante da alta foi justificada pelo choque em Alimentação, devido à alta de proteína animal, puxada pela Gripe Suína na China. Energia também seguiu pressionando a inflação.

No geral, o qualitativo da inflação seguiu positivo, com núcleos e difusão baixos. Há sinais ainda pequenos e incipientes, mesmo que concentrados e pontuais, de pressão secundária na inflação. Isso precisa ser monitorado nos próximos meses.


Quanto a política monetária, o BCB deixou a porta aberta para novas quedas da Taxa Selic, mas buscou ter flexibilidade em suas próximas decisões. Eu diria que vai ficar a cargo de quanto risco o BCB quer tomar no curto-prazo para saber se cairão, ou não, a Selic, além do que já caíram.

Eu, particularmente, se estivesse no lugar deles, manteria a Selic estável por alguns meses, para sentir os efeitos defasados da política monetária, ver os impactos secundários desses choques de curto-prazo e ter certeza da velocidade de recuperação da economia.

O grande ponto, na minha visão, é como irá se comportar o hiato do produto (e os serviços e núcleos) em um Brasil em recuperação do crescimento.

Há duas teses:

1 – O hiato do produto é muito grande, há espaço para crescer sem inflação por um bom tempo. A Taxa Selic pode permanecer baixa, ou até cair mais.

2 – O Brasil tem muita deficiência de infraestrutura. Qualquer crescimento moderado (2% ou mais) fará pressão na inflação. A Taxa Selic terá que subir em breve.

Este tema deve começar a entrar mais em evidência de agora em diante.

Nos EUA, a criação de vagas de trabalho de dezembro ficou um pouco abaixo do esperado, com revisão baixista dos últimos meses. Nível ainda é saudável, mas aponta para uma desaceleração.

Os números muito fracos de rendimentos podem sinalizar uma desaceleração do consumo à frente e precisa ser monitorado nos próximos meses.



A posição técnica do mercado de câmbio (FX) mostrou forte venda de dólares no último mês. A dinâmica faz sentido diante de um mundo que parece estar se estabilizando e uma economia americana que mostra sinais de desaceleração moderada. O risco é que a estabilização do resto do mundo seja apenas pontual e o mundo retorne a um cenário de baixo crescimento e risco de recessão, o que hoje é um “cenário de cauda”:



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