Daily News – Vírus na China traz forte pressão para Ásia – Parte II


O final de semana foi marcado por uma deterioração na situação do Coronavírus na China. Os mercados estão abrindo a manhã sob forte pressão. A China está no Feriado de Ano Novo Lunar, mas os futuros do China A50 caem 5,5%. O Nikkei no Japão cai mais de 2%. Os futuros de Minério de Ferro caem 6%. 

Neste momento, já estamos com quase 3 mil casos confirmados e cerca de 80 fatalidades. Mais de 60 milhões de pessoas estão em cidades ou regiões da China isoladas para conter a doença.


Agora pela manhã, algumas das maiores cidades do país anunciaram que irão estender o feriado de Ano Novo Lunar e as férias escolares.

Já é certo que este evento fará um estrago nos dados de crescimento de janeiro/fevereiro e no primeiro trimestre do ano. O cenário base é que estes eventos tendem a ser pontuais e localizados.




A diferença, hoje, é que o vírus está assolando a China em um momento em que a economia já mostrava uma fragilidade mais estrutural do que cíclica de sua economia. Assim, todo o cuidado será pouco para analisar cenário e impactos.

O Coronavírus é uma grande tragédia humana e social, independente dos impactos econômicos e nos mercados. As declarações de ontem vindas da China são bastante assustadoras do ponto de vista do que ainda está por acontecer.

Quem acompanha este fórum conhece meu desconforto com o nível de preços, valuations e posição técnica dos mercados globais. Contudo, vinha alertando para a necessidade de um “trigger” para a inversão desta tendência.

Ainda acho cedo para “cravar” uma mudança de tendência, mas os fracos PMI’s - em relação ao consenso e ao que o mercado precificou - na Europa e nos EUA, acendem uma luz amarela no cenário.

O Coronavírus é apenas um vetor de pressão ao crescimento global que, sozinho, não teria o poder de alterar o cenário. Contudo, em um estágio avançado do ciclo econômico, merece bastante atenção.

No caso da SARS em 2002-2003 o mundo estava em um estágio inicial de ciclo econômico, após ter vivenciado algumas crises: Crise da Ásia, Rússia, LTCM, estouro da bolha de tecnologia, dentre outras.

O mundo iniciava um grande ciclo de crescimento até a crise de 2008, nos EUA. Hoje, me parece, estamos no estágio avançado ou final,do ciclo econômico global. O poder da política monetária parece menor e os instrumentos apresentam maior restrição. Segue abaixo a reação dos mercados no período da SARS, para termos como base de comparação:




O risco é que o impacto do Coronavírus, mesmo pontual e localizado, acabe sendo maior, mais espalhado e de impacto mais profundo do que em casos passados. Tudo isso ainda são teses e de difícil mensuração. Seguimos monitorando a situação e tentando medir seu impacto na economia e mercados.

No Brasil, estamos nos favorecendo do cenário de recuperação local, não há dúvida, mas os fluxos globais e o otimismo mundial também ajudaram os mercados locais. Assim, poderemos ficar à mercê do mundo em prazos mais curtos. Nunca podemos esquecer isso.

Em suma, não vejo nada de anormal no cenário, mas alguns sinais que merecem atenção e podem ajudar na tão esperada consolidação dos mercados no curto-prazo. Consolidação pode ser apenas o mercado operar em bandas, não necessariamente fortes quedas.

Meu maior medo é que a recuperação do crescimento global seja muito mais modesta, curta e cíclica do que o imaginado por muitos.

Continuo com visão de manter alocação em bolsa no Brasil, mas com um enorme foco na seleção de ativos. Além disso, trabalhar com proteções mais ativas e agressivas. Reduções das posições táticas podem ser prudentes. Não alteraria as posições estruturais da carteira, neste momento.

No Oriente Médio um ataque de mísseis atingiu a embaixada dos EUA na Zona Verde em Bahgda. Há notícias de feridos e de estragos na embaixada. Ao que parece, milícias ligadas ao Irã estariam por trás deste incidente.

Neste momento, uma retaliação americana parece ser um caminho inevitável. Ainda é cedo para supor se haverá um novo embate mais agressivo militarmente entre os EUA e Irã e suas milícias.

De qualquer maneira, o incidente nos faz lembrar que a situação da região ainda é bastante frágil.

Nos EUA, o esboço de um livro de Bolton – ex acessor de Trump – traz complicações ao processo e impeachment, pois sinaliza que Trump teria atuado para reduzir a ajuda financeira à Ucrânia até o país o ajudasse a investigar um de seus oponentes. A notícia foi amplamente veiculada nos jornais americanos na tarde de ontem.

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