Risk-Off


Os ativos de risco estão abrindo o dia com um movimento clássico de “risk-off”. Bolsas em queda, dólar forte, fechamento de taxa de juros nos países desenvolvidos e pressão nos ativos emergentes,
Trump manteve um tom extremamente hostil em relação a seus parceiros comerciais, especialmente o Canadá, as vésperas da reunião do G7. A turbulência (ou crise) nos Países Emergentes (EM) também ajuda a cautela global. Finalmente, a produção industrial da Alemanha apresentou queda de 1% MoM em abril, muito abaixo das expectativas de alta de 0,3% MoM, trazendo de volta a tona o debate em torno da real situação econômica da Europa.
No Brasil, no início da noite de ontem, o Presidente do BCB concedeu entrevista coletiva em que ratificou a postura que vem adotando nos últimos dias, ou seja, BCB e Tesouro continuarão atuando no mercado de câmbio e de títulos públicos a fim de dar liquidez e racionalidade aos mercados. Não existe a intenção, neste momento, de se mexer na política monetária (se vão conseguir, já é ua outra história, passiva de intenso debate).
Ilan sinalizou que o BCB irá promover uma forte intervenção no câmbio nos próximos dias, na ordem de US$20bi. O montante é expressivo. Existe uma possibilidade que, com este valor, eles consigam acalmar o mercado, pelo menos no curto-prazo. Continuo não vendo o BCB ou o Tesouro como capazes de alterar a direção dos mercados, mas entendo que existe o dever fiduciário de manter a estabilidade financeira. Assim, a atuação conjunta é, de fato, necessária. Como atuar, contudo, é uma questão passiva de debate e críticas, que não quero entrar no mérito neste momento.
Vale ressaltar que outros países emergentes, como Argentina e Turquia, foram obrigados a elevar as taxas de juros com intuito de frear o movimento de depreciação cambial. O caso do Brasil, no curto-prazo, é diferente, mas não podemos descartar movimentos como este caso a situação local não se reverta. Saimos de uma situação matemática de inflação corrente e prospectiva, para uma situação irracional de fluxos. Nestes momentos, nem sempre o livro texto tem as respostas mais exatas ou precisas.
Os ativos locais tiveram ontem um dia de forte depreciação. O destaque ficou por conta da forte alta de juros da parte curta da curva. O movimento é típico de stops do mercado, que ainda apresentava posições relevantes nesta parte da curva, com a perspectiva de que os prêmios eram excessivos para um cenário de inflação baixa e recuperação apenas gradual do crescimento.
O quadro técnico do mercado está se tornando mais positivo a medida que o tempo passa e as posições vão sendo stopadas (limpadas). Ainda não tenho nenhuma vontade de fazer alocação nesta direção ou carregar qualquer posição estrutural em Brasil.
A Folha de hoje afirma que o PP e o DEM podem apoiar Ciro Gomes nas eleições.
A XP divulgou pesquisa eleitora em que mostra pequena piora, dentro da margem de erro, de Bolsonaro. Ciro continua ganhando espaço. Haddad se mostra competitivo se apoiado por Lula. Marina apresenta algum “momentum” e Alckmin continua mostrando fraqueza. Em suma, um cenário ainda indefinido e sem conclusões positiva a luz dos mercados financeiros locais.
A Argentina anunciou um “stand-by-agreement” com o FMI, no montante de US$50bi. O acordo foi atingido antes do previsto e seu volume é levemente superior as expectativas. Segundo a Goldman Sachs:
Argentina reached a “staff-level” agreement with IMF for a 3-year Exceptional-Access Stand-By Arrangement (SBA) for US$50bn (1,110% of Argentina’s quota in the IMF). The agreement is expected to be ratified by the IMF Executive Board soon. Furthermore, the authorities have indicated that they have secured US$5.65bn in credit lines from other multilateral agencies (World Bank, IADB, CAF).

As expected, as part of the IMF agreement the Argentine authorities commit to a faster pace of fiscal consolidation and to more realistic inflation targets. The new 2018-2021 federal government’s primary fiscal balance as a share of GDP is as follows: -2.7% (2018), -1.3% (2019), 0% (2020) +0.5% (2021). The market expectation for the primary fiscal deficit in 2018 was slightly lower (-2.5% of GDP). In our assessment, the 2018 target is not very demanding and the government is likely to over-achieve it. The primary fiscal deficit target for 2019 (-1.3% of GDP) is within the range of expectations. Primary fiscal balance in 2020 and small surplus in 2021 is a positive development but that is a commitment that will have to be honored by the administration that will be elected on October 2019.

The new inflation targets are: 17% for 2019, 13% for 2020 and 9% for 2021. The authorities stated that there will be no inflation target for 2018. In our assessment the 2019-2021 targets are demanding but not unrealistic.

Furthermore, the IMF agreement entails a number of other very positive developments, including commitments to:

1.
maintain a flexible and market-determined exchange rate;
2.
immediately put an end to central bank financing of the federal deficit, and;
3.
submitting a bill to Congress modifying the central bank charter in order achieve legal independence and operational autonomy for the central bank and strengthen its inflation targeting regime.

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